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Sentido de responsabilidade

Depois do facto consumado, ou seja depois do pedido de "ajuda" e da chegada da troika, seria de esperar, talvez ingenuamente, reconheço, que os partidos políticos mostrassem sentido de responsabilidade. Não é o caso. PS e PSD ansiosos por chegar ao poder, tudo parece fazerem para atingir esse seu objectivo. O sentido de responsabilidade fica pelo caminho. O PSD já encara a possibilidade de dialogar sozinho com a dita troika, isto depois do envio de várias cartas a solicitar uma clarificação das contas do país.
É sabido, talvez não reconhecido por alguns, mas é sabido que o PS de José Sócrates não é o parceiro mais indicado para qualquer tipo de negociações e a sua especialidade é, de facto, a venda de banha da cobra. Nestas circunstâncias, torna-se difícil entrar em acordos com alguém que se agarra ao poder como quem se agarra à própria vida. Durante estes largos anos de governação socialista, foi possível retirar-se várias ilações, a primeira das quais é que estes seis anos foram manifestamente negativos.
Não se vislumbram laivos de sentido de responsabilidade naqueles que são os principais partidos. Embora se fale reiteradamente em acordos pós-eleitorais, a verdade é que numa altura crítica de negociações com a troika, uns não se entendem e outros nem sequer querem negociar. Mas todos só pensam em eleições para governar sabe-se lá o quê.

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