Avançar para o conteúdo principal

Ajuda externa

Como era expectável, Portugal recorreu ao Fundo Europeu de Estabilização financeira juntamente com o FMI. Depois de uma década de más políticas, depois da crise de 2008 e a demora do Governo em reagir, depois da austeridade contraproducente imposta por Berlim pela voz de Bruxelas, depois de falta de capacidade de negociação dos responsáveis políticos portugueses, depois da ausência de consensos entre os partidos políticos chega agora a ajuda externa sob as premissas do FMI e as subsequentes políticas de empobrecimentos inteiramente subscritas pelos principais partidos políticos.
Perdemos capacidade de decisão que, aliás, já estava condicionada pelos ditames de Berlim, perdão, Bruxelas, ficando reféns de políticas de forte austeridade que visam recuperar o dinheiro emprestado pelos bancos estrangeiros e abrir vários sectores da economia ao capital, também esse oriundo de fora, ao mesmo tempo que se liquida paulatinamente o Estado, a sua capacidade de intervenção, reduzindo-o amiúde a um mero espectador. Pelo caminho, as políticas sociais são reduzidas ao mínimo possível e o desinvestimento do Estado em sectores como a Educação e a Saúde é uma realidade - nada com que o PSD não sonhe. Paralelamente, outros investimentos, designadamente em investigação, ciência e inovação vão ficar na gaveta, agravando consideravelmente o nosso atraso. Por fim, e como se pode depreender por inúmeros casos de países onde o FMI interveio, a recessão vem para ficar, com constantes adiamentos do tão necessário crescimento económico.
Contudo, a responsabilidade pelo actual estado de coisas é indissociável das políticas seguidas nos últimos anos, em particular na última década. Não havendo muito a perder, tendo em conta a situação deplorável em que o país se encontra, é caso para no próximo dia 5 de Junho se aproveitar para fugir da tão famigerada alternância que mais do que comprovadamente nos colocou na actual situação. Embora com perdas cada vez mais acentuadas de soberania, ainda vivemos num Estado Democrático, importa pois que o povo soberano saiba dar uma verdadeira lição a quem se mostrou ganancioso e incompetente, comprometendo desta forma a própria viabilidade do país.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Saídas para os impasses

As últimas semanas têm sido pródigas na divulgação de escândalos envolvendo o primeiro-ministro e as suas obrigações com a Segurança Social e com o Fisco. Percebe-se que os princípios éticos associados ao desempenho de funções políticas são absolutamente ignorados por quem está à frente dos destinos do país - não esquecer que o primeiro-ministro já havia sido deputado antes de se esquecer de pagar as contribuições à Segurança Social. A demissão está fora de questão até porque o afastamento do cargo implica, por parte do próprio, um conjunto de princípios que pessoas como Passos Coelho simplesmente não possuem. A oposição, a poucos meses de eleições, parece preferir que o primeiro-ministro coza em lume brando. E com tanta trapalhada insistimos em não discutir possíveis caminhos e saídas para os impasses com que o país se depara. Governo e oposição (sobretudo o Partido Socialista) agem como se não tivessem de possuir um único pensamento político. Assim, continuamos sem saber o que...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...