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Ainda o FMI

Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP, depois da reunião com a famigerada Troika, revelou que o FMI estaria mais à esquerda do que os restantes membros da Troika. A preocupação - não tão habitual que os membros do FMI - com o crescimento económico e a suposta insistência desta instituição para que os juros pagos pela República Portuguesa não sejam excessivamente altos faz do FMI a parte menos má da Troika.
Isto revela a natureza eminentemente neoliberal dos outros membros que constituem a Troika: Banco Central Europeu e Comissão Europeia.
De qualquer forma, Portugal dificilmente escapará a planos de austeridade onerosos para uma população que se vê a braços com dificuldades recorrentes e crescentes.
Inserido num contexto Europeu sem soluções, sem príncipios e sem uma ideia de futuro, Portugal está agora nas mãos da famigerada Troika, isto numa altura em que são insistentes as vozes que referem a necessidade da reestruturação das dívidas de alguns países europeus.
Sem uma solução europeia que se afaste da linha neoliberal que se instalou, Portugal e outros países terão inúmeras dificuldades em sair das crises em que se encontram. Sem uma solução europeia é a própria Europa - o projecto Europeu - que é posto em causa. Importa, pois, prestar particular atenção aos fenómenos nacionalistas e ao afastamento dos próprios cidadãos Europeus do próprio projecto europeu que mais não é do que um conjunto de países afundados no seu egocentrismo e entregues às mãos de tecnocratas e líderes políticos sem qualquer competência ou visão.
Por cá, as soluções políticas parecem cada vez mais exíguas. Ao que tudo indica, o filme de dia 5 de Junho é a repetição de tantos outros; um filme do mais do mesmo.
Quanto ao FMI, paradoxalmente, esta é a parte menos negativa da Troika. A parte mais construtiva. A ver vamos se é assim. Em todo o caso, o que vai sair da Troika será tudo menos benéfico para o país. Se dúvidas existirem veja-se o que está a acontecer à Irlanda e à Grécia.

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