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Um país eternamente adiado

Se olharmos para os indicadores económicos, somos invadidos pela preocupação: as perspectivas para a economia portuguesa nos próximos dois anos é desoladora. A manchete de um jornal faz referência à incapacidade da economia criar emprego até ao fina do próximo ano.
Desde logo, importa perceber que a responsabilidade pelo actual estado de coisas é, em larga medida das últimas governações, com especial incidência para o ainda primeiro-ministro José Sócrates. O modelo de desenvolvimento económico-social redundou num enorme falhanço, um modelo que desprezou as reformas que eram necessárias para atenuar os problemas da Justiça, mitigar a burocracia, aumentar a produtividade, melhorando a competitividade do país; um modelo que privilegiou a subsidio-dependência ao invés de criar as condições para o crescimento do emprego; um modelo assente numa carga fiscal complexa e asfixiante; um modelo em que o Estado não serve os cidadãos e as empresas, excepto aquelas que têm ligações ao partido. A responsabilidade, embora repartida, é, em larga medida, de José Sócrates, o inamovível. Por conseguinte a conversa da vitimização de alguém que parece que chegou ao cargo de primeiro-ministro ontem seria para rir, não fosse a gravidade da situação.
Paralelamente, as fortes medidas de austeridade mal negociadas pelo Governo português e impostas por Bruxelas contribuem inexoravelmente para um adiamento do país, talvez sem precedentes.
Sem a adopção de um modelo de desenvolvimento económico-social que tenha em conta o crescimento económico, sem a mobilização necessária para resolver os problemas estruturais mais do que diagnosticados e com os actuais constrangimentos impostos pelos mercados, por Merkel, ou por Bruxelas (quem é que consegue distinguir?), o país continua a ser eternamente adiado.

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