Avançar para o conteúdo principal

Salário mínimo

A subida anunciada do salário mínimo nacional - talvez em finais do ano que se aproxima chegue aos 500 euros - e as difíceis negociações que envolveram essa subida seriam anedóticas, não fosse o assunto ser demasiado sério. Do lado dos patrões alega-se que é incomportável subir o salário de miséria, perdão, salário mínimo, para os 500 euros. Este ano coloca-se o problema da crise, noutros existiam outros problemas, é tudo uma questão de apelar ao sentido imaginativo de cada um.
Por muito que não se queira admitir, parte da nossa economia ainda assenta em baixos salários. É com salários miseráveis e terceiro-mundistas que muitas empresas fazem o seu percurso. Pouco interessa perceber que haverá sempre países com salários mais baixos do que o nosso e que o caminho faz-se do lado da qualificação dos recursos humanos.
Não deixa de ser dramático falar-se em qualificação de recursos e saber que há pessoas muito qualificadas a auferir o tal salário mínimo, isto porque o mercado de trabalho é pouco dinâmico e porque culturalmente procuramos sempre pagar o menos possível, raras vezes aproveitando as competências de quem trabalha. A ideia é invariavelmente a mesma: pagar o menos possível, pouco interessa se a pessoa em questão tem competências para mais e que essas competências seriam vantajosas para as empresas. Portugal é indubitavelmente o pais do artifício, do chico-espertismo. Não será no contexto laboral que a situação é diferente.
Nestas circunstâncias, não admira que um aumento de 10 euros do salário mínimo, numa primeira fase e 15, numa segunda, seja uma tarefa hercúlea.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Saídas para os impasses

As últimas semanas têm sido pródigas na divulgação de escândalos envolvendo o primeiro-ministro e as suas obrigações com a Segurança Social e com o Fisco. Percebe-se que os princípios éticos associados ao desempenho de funções políticas são absolutamente ignorados por quem está à frente dos destinos do país - não esquecer que o primeiro-ministro já havia sido deputado antes de se esquecer de pagar as contribuições à Segurança Social. A demissão está fora de questão até porque o afastamento do cargo implica, por parte do próprio, um conjunto de princípios que pessoas como Passos Coelho simplesmente não possuem. A oposição, a poucos meses de eleições, parece preferir que o primeiro-ministro coza em lume brando. E com tanta trapalhada insistimos em não discutir possíveis caminhos e saídas para os impasses com que o país se depara. Governo e oposição (sobretudo o Partido Socialista) agem como se não tivessem de possuir um único pensamento político. Assim, continuamos sem saber o que...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...