Os juros da dívida pública portuguesa têm dominado a comunicação social, com especial ênfase no dia de ontem em que foi ultrapassada a barreira dos 7%. O Presidente da República insurge-se contra quem crítica os mercados, ou seja, as suas escassas e incipientes intervenções deram ontem lugar à crítica a quem critica os mercados. Não vale a pena, diz o Presidente da República. Tem sido a ideia do "não vale a pena" a dominar o país e a arrastá-lo para uma situação de grandes dificuldades. A cultura da resignação é um verdadeiro óbice nacional.
Além do mais, não serão essas críticas a fazer uma grande diferença, mas a discussão, o debate e a troca de ideias, seja sobre os mercados sobre qualquer outro aspecto da vida política, económica ou social, devem ser impulsionados e não o contrário. Veja-se, por exemplo, o comportamento da Alemanha. Será suposto os Portugueses, Italianos, Irlandeses, Espanhóis e Gregos acatarem pacificamente tudo o que a Alemanha tenta impor?
A Chanceler Alemã errou quando não quis responder atempadamente à crise grega, prejudicando a Zona Euro, em particular os países periféricos e continua a prejudicá-los com a ideia de passarem a ser os investidores a suportar uma parte dos custos das falências dos Estados da Zona Euro. Será esta a altura certa para se fazer uma proposta desta natureza? Não poderá ser ruinoso para os países periféricos? A reacção dos sagrados mercados foi de penalizar ainda mais os juros da dívida pública.
Dir-se-á que os países penalizados têm culpas no cartório. É verdade. Mas alguém acredita que o Euro é viável num contexto em que os Estados mais fortes fogem à responsabilidade de prestar auxílio aos Estados mais fragilizados? Estamos longe do federalismo semelhante ao norte-americano em que um estado pode falir sem que isso incomode os sagrados mercados - o Estado federal está lá para prestar auxílio. Estamos cada vez mais longe disso.
Paralelamente, importa não esquecer os princípios basilares da União Europeia, entre eles o princípio da solidariedade - conceito desconhecido para uma Alemanha de memória curta. Contrariamente à ideia de que a Alemanha é constantemente prejudicada por ser um dos principais países a contribuir para o Orçamento europeu, a Alemanha também tem sido uma das principais beneficiadas com uma moeda construída à sua medida e com um banco central feito à sua imagem.
A irracionalidade e voracidade dos mercados são passíveis de serem criticados; a atitude da Alemanha é passível de ser criticada. Nunca foi a resignação a contribuir para o desenvolvimento dos países. E não chega aquela velha máxima de que basta o trabalho em detrimento do pensar, discutir, debater os assuntos. As opiniões do Sr. Presidente da República são mais um sinal do que está profundamente errado com o nosso país. Todavia, continuamos a insistir no erro, um erro que teremos de suportar durante mais um mandato.
Além do mais, não serão essas críticas a fazer uma grande diferença, mas a discussão, o debate e a troca de ideias, seja sobre os mercados sobre qualquer outro aspecto da vida política, económica ou social, devem ser impulsionados e não o contrário. Veja-se, por exemplo, o comportamento da Alemanha. Será suposto os Portugueses, Italianos, Irlandeses, Espanhóis e Gregos acatarem pacificamente tudo o que a Alemanha tenta impor?
A Chanceler Alemã errou quando não quis responder atempadamente à crise grega, prejudicando a Zona Euro, em particular os países periféricos e continua a prejudicá-los com a ideia de passarem a ser os investidores a suportar uma parte dos custos das falências dos Estados da Zona Euro. Será esta a altura certa para se fazer uma proposta desta natureza? Não poderá ser ruinoso para os países periféricos? A reacção dos sagrados mercados foi de penalizar ainda mais os juros da dívida pública.
Dir-se-á que os países penalizados têm culpas no cartório. É verdade. Mas alguém acredita que o Euro é viável num contexto em que os Estados mais fortes fogem à responsabilidade de prestar auxílio aos Estados mais fragilizados? Estamos longe do federalismo semelhante ao norte-americano em que um estado pode falir sem que isso incomode os sagrados mercados - o Estado federal está lá para prestar auxílio. Estamos cada vez mais longe disso.
Paralelamente, importa não esquecer os princípios basilares da União Europeia, entre eles o princípio da solidariedade - conceito desconhecido para uma Alemanha de memória curta. Contrariamente à ideia de que a Alemanha é constantemente prejudicada por ser um dos principais países a contribuir para o Orçamento europeu, a Alemanha também tem sido uma das principais beneficiadas com uma moeda construída à sua medida e com um banco central feito à sua imagem.
A irracionalidade e voracidade dos mercados são passíveis de serem criticados; a atitude da Alemanha é passível de ser criticada. Nunca foi a resignação a contribuir para o desenvolvimento dos países. E não chega aquela velha máxima de que basta o trabalho em detrimento do pensar, discutir, debater os assuntos. As opiniões do Sr. Presidente da República são mais um sinal do que está profundamente errado com o nosso país. Todavia, continuamos a insistir no erro, um erro que teremos de suportar durante mais um mandato.
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