Tudo começa em 2005 com promessas de modernidade. O Governo eleito faz a promessa do costume: meter as contas públicas em ordem e não aumentar impostos. A primeira coisa que faz é quebrar promessas aumentando impostos. Quanto às contas públicas, consegue endividar o país acima do aceitável e reduz o défice, à custa novamente de um aumento de impostos - para deitar tudo a perder, graças à recusa em ver a crise e ao eleitoralismo mais bacoco.
Pelo caminho deixa as reformas prometidas para dias melhores. No que mexe estraga, a começar na educação, recorrendo a artificialismos que nada fazem pelo os nossos maior défices: um défice na qualificação dos recursos humanos e outro défice, indissociável - o défice cultural. A Justiça continua a ser um entrave ao desenvolvimento económico e uma ofensa aos cidadãos; a burocracia continua a ser endémica e nem com planos pomposos abandona a sua natureza intrincada; a Administração Pública permanece onerosa e ineficaz. O Governo continua a considerar que o seu modelo de desenvolvimento é ajustado, continuando a promover a subsídio-dependência ao invés de criar condições para o investimento e para a criação de emprego. Por muito verde que este Governo queira ser, deixou a negrura tomar conta do país.
Em 2008 rebenta a famigerada crise do subprime. Para o Governo nada de grave se estava a passar; o tempo de reacção foi totalmente desfasado da realidade e ano de eleições valeu tudo para ganhar, até fingir que não havia crise.
A União Europeia, encabeçada pela Alemanha, deu sinais de desnorte e levou demasiado tempo e mostrou demonstrou demasiada relutância em resolver o problema grego, levando os mercados internacionais a atacar o Euro, através dos países mais fragilizados. Ao invés da União Europeia se unir em tempo de dificuldades, mostrou desunião, dando novos argumentos aos mercados internacionais. A solução para todos os problemas tem um nome: austeridade; tem um rosto: Alemanha. A receita é alemã e nem o facto de num momento inicial se ter dado indicações aos Estados-membros para darem alguma folga ao Pacto de Estabilidade e Crescimento foi suficiente para a Europa procurar unida uma solução para os seus problemas, sem recorrer necessariamente ao pensamento único incutido por uma Alemanha que esquece rapidamente a sua história e o facto da realidade económica dos vários países da Zona Euro não ser exactamente a mesma da sua. Agora cortem, dizem-nos, aumentem impostos, façam o que for necessário para controlar as vossas contas públicas - não interessam as mais do que prováveis recessões e o aumento do desemprego. Afinal de contas quem é que ainda quer saber do modelo social europeu? O que interessa é agradar a um sistema financeiro que nos tramou e à multiplicidade de grandes empresas que querem crescer sem olhar às consequências desse crescimento. A Europa está perdida. Seguiu o modelo errado e perdeu uma oportunidade histórica de fazer diferente, cometendo os erros dos outros e dando uma péssima imagem de si própria, um imagem que mete dó.
Portugal é apenas mais um exemplo de subserviência numa Europa comandada pela Alemanha e até certo ponto pela França. A Europa treme, Portugal está de cócoras.
Hoje, o Governo português pede aos seus cidadãos para pagarem os erros do passado, e muito concretamente do passado recente. Depois de anos a alimentar clientelas políticas, a fazer negociatas com o sistema financeiro e com grandes empresas, a recorrer por tudo e por nada a empresas externas, engordando muitos empresários geralmente conotados com um determinado partido político, ao mesmo tempo que se desperdiçou recursos do Estado, depois de largos anos a apostar no betão (que ainda fascina muitos políticos, como se vê) e a arranjar subterfúgios para escamotear problemas para os quais não se tem solução, o país desanima a cada dia que passa.
"O povo é pacífico", dizem-nos. Até quando parece ser a pergunta que se impõe.
Resta escrever o resto da história de um Governo que mais não fez do que abrir ainda mais o buraco em que já nos encontrava-mos metidos. Provavelmente o Governo acabará por cair ainda antes do final da legislatura e os seus membros passarão por cargos proeminentes em empresas privadas, numa qualquer fundação ou até mesmo num cargo de uma instituição internacional.
Entretanto, ouvimos e lemos especialistas de receita única que aparentemente não estavam neste planeta antes e quando emergiu a crise internacional; os mesmos que vendem sempre a mesma receita, a tal que tanto contribui para estarmos onde estamos. Entretanto, dizem-nos que os outros estão como nós, esquecendo-se que esses tais outros têm uma estrutura que lhes permite recuperar rapidamente, estrutura que nos é prometida desde o 25 de Abril. Além disso, há casos que não são comparáveis, como o caso da Irlanda que se deixa afundar com o sistema financeiro.
Fica a ideia do pacifismo do povo, da sua eterna compreensão. Resta mesmo saber até quando.
Pelo caminho deixa as reformas prometidas para dias melhores. No que mexe estraga, a começar na educação, recorrendo a artificialismos que nada fazem pelo os nossos maior défices: um défice na qualificação dos recursos humanos e outro défice, indissociável - o défice cultural. A Justiça continua a ser um entrave ao desenvolvimento económico e uma ofensa aos cidadãos; a burocracia continua a ser endémica e nem com planos pomposos abandona a sua natureza intrincada; a Administração Pública permanece onerosa e ineficaz. O Governo continua a considerar que o seu modelo de desenvolvimento é ajustado, continuando a promover a subsídio-dependência ao invés de criar condições para o investimento e para a criação de emprego. Por muito verde que este Governo queira ser, deixou a negrura tomar conta do país.
Em 2008 rebenta a famigerada crise do subprime. Para o Governo nada de grave se estava a passar; o tempo de reacção foi totalmente desfasado da realidade e ano de eleições valeu tudo para ganhar, até fingir que não havia crise.
A União Europeia, encabeçada pela Alemanha, deu sinais de desnorte e levou demasiado tempo e mostrou demonstrou demasiada relutância em resolver o problema grego, levando os mercados internacionais a atacar o Euro, através dos países mais fragilizados. Ao invés da União Europeia se unir em tempo de dificuldades, mostrou desunião, dando novos argumentos aos mercados internacionais. A solução para todos os problemas tem um nome: austeridade; tem um rosto: Alemanha. A receita é alemã e nem o facto de num momento inicial se ter dado indicações aos Estados-membros para darem alguma folga ao Pacto de Estabilidade e Crescimento foi suficiente para a Europa procurar unida uma solução para os seus problemas, sem recorrer necessariamente ao pensamento único incutido por uma Alemanha que esquece rapidamente a sua história e o facto da realidade económica dos vários países da Zona Euro não ser exactamente a mesma da sua. Agora cortem, dizem-nos, aumentem impostos, façam o que for necessário para controlar as vossas contas públicas - não interessam as mais do que prováveis recessões e o aumento do desemprego. Afinal de contas quem é que ainda quer saber do modelo social europeu? O que interessa é agradar a um sistema financeiro que nos tramou e à multiplicidade de grandes empresas que querem crescer sem olhar às consequências desse crescimento. A Europa está perdida. Seguiu o modelo errado e perdeu uma oportunidade histórica de fazer diferente, cometendo os erros dos outros e dando uma péssima imagem de si própria, um imagem que mete dó.
Portugal é apenas mais um exemplo de subserviência numa Europa comandada pela Alemanha e até certo ponto pela França. A Europa treme, Portugal está de cócoras.
Hoje, o Governo português pede aos seus cidadãos para pagarem os erros do passado, e muito concretamente do passado recente. Depois de anos a alimentar clientelas políticas, a fazer negociatas com o sistema financeiro e com grandes empresas, a recorrer por tudo e por nada a empresas externas, engordando muitos empresários geralmente conotados com um determinado partido político, ao mesmo tempo que se desperdiçou recursos do Estado, depois de largos anos a apostar no betão (que ainda fascina muitos políticos, como se vê) e a arranjar subterfúgios para escamotear problemas para os quais não se tem solução, o país desanima a cada dia que passa.
"O povo é pacífico", dizem-nos. Até quando parece ser a pergunta que se impõe.
Resta escrever o resto da história de um Governo que mais não fez do que abrir ainda mais o buraco em que já nos encontrava-mos metidos. Provavelmente o Governo acabará por cair ainda antes do final da legislatura e os seus membros passarão por cargos proeminentes em empresas privadas, numa qualquer fundação ou até mesmo num cargo de uma instituição internacional.
Entretanto, ouvimos e lemos especialistas de receita única que aparentemente não estavam neste planeta antes e quando emergiu a crise internacional; os mesmos que vendem sempre a mesma receita, a tal que tanto contribui para estarmos onde estamos. Entretanto, dizem-nos que os outros estão como nós, esquecendo-se que esses tais outros têm uma estrutura que lhes permite recuperar rapidamente, estrutura que nos é prometida desde o 25 de Abril. Além disso, há casos que não são comparáveis, como o caso da Irlanda que se deixa afundar com o sistema financeiro.
Fica a ideia do pacifismo do povo, da sua eterna compreensão. Resta mesmo saber até quando.
Comentários