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Em defesa da tourada

O Presidente da Câmara de Santarém pretende reunir assinaturas em defesa da tourada. Está no seu direito. Mais lamentável é apelidar quem faz a defesa dos animais de "Talibãs". Para além de não se tratar de um argumento, revela muito de quem profere as ditas palavras e do seu radicalismo. Ora, eu não concordo com a matança e sofrimento de animais para gáudio de alguns, mas não uso o espaço público para destilar ódios e impropérios a quem pensa de forma diferente da minha.
Outro aspecto a ter em conta é a colocação de rótulos a quem luta pelos direitos dos animais e a sua reiterada associação a partidos políticos como o Bloco de Esquerda, como se a defesa dos animais tivesse cor política e não existissem pessoas dos mais variados quadrantes políticos a fazer essa defesa. Mais uma vez, o Sr. Moita Flores denota intransigência e uma absoluta falta de argumentos.
Com efeito o Presidente de Câmara de Santarém tem todo o direito de defender aquilo que bem entender. O que já é mais dificil de perceber é como é que revela um radicalismo que incute aos outros e uma inexorável ausência de uma linha de argumentação que permita sustentar a suas ideias.
De resto, Moita Flores acusa os defensores dos direitos dos animais de "hipocrisia". Está muito na voga dizer que se tratam de pessoas que lutam contra as touradas, mas que comem hambúrguers, como se fosse possível comparar a alimentação ao entretenimento. Além do mais, muitos defensores dos direitos dos animais não lutam só pelo fim das touradas, como lutam pelo fim do sofrimento de animais criados para a alimentação e outros nem sequer incluem na sua própria alimentação esses mesmos animais.
Em suma, quem luta pelos direitos dos animais não o faz apenas em relação à tourada, mas a todas as formas de sofrimento dos animais. O Sr. Moita Flores baseia a defesa do seu ponto de vista na colocação de epítetos aos defensores dos direitos dos animais. Nem uma palavra sobre o sofrimento dos animais, ainda para mais com o objectivo de divertir algumas pessoas.

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