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Promiscuidade entre poder político e poder económico

Um dos mais graves problemas do país prende-se precisamente com a promiscuidade instalada entre poder político, seja ele central ou local, e poder económico. De um modo geral, essa promiscuidade é também caracterizada pelas relações entre quem ocupa cargos públicos - eleitos ou de nomeação - e pessoas ligadas a empresas. Segundo o jornal "Público", o caso Freeport contou com uma de mudança no mínimo suspeita de arquitectos - ligados ao PS, como não poderia deixar de ser.
Este caso do Freeport é mais um sinal da existência de um Estado que não cumpre a sua finalidade de servir os cidadãos; o Estado serve antes interesses político-partidários conspurcados por um compadrio serôdio próprio de países sub-desenvolvidos.
Podemos estar certos do seguinte: a promiscuidade e o compadrio que estão, tantas vezes, no centro das decisões políticas têm custos incalculáveis para o Estado. De resto, são inúmeros os negócios ruinosos para o Estado fruto de relações entre quem ocupa cargos de decisão politica e empresas privadas.
Contudo, o Governo do PS prefere efectuar cortes na despesa social, ao invés de acabar com a tal promiscuidade que tanto onera os portugueses. Nem podia ser de outra forma - afinal, os partidos políticos são centros de emprego e de negócios e é necessário continuar a alimentar clientelas insaciáveis. Reafirmo que os partidos políticos que passaram pelos Governos e por tantas autarquias, salvo honrosas excepções, prestaram um péssimo serviço aos cidadãos e contribuíram para a degradação da própria democracia. Num país em que a Justiça se presta ao ridículo como o caso Freeport bem demonstra e com uma classe politica com a categoria que está à vista de todos, os casos de promiscuidade entre poder político e poder económico vão continuar a proliferar, pelo menos até nós deixarmos.

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