Avançar para o conteúdo principal

Promiscuidade entre poder político e poder económico

Um dos mais graves problemas do país prende-se precisamente com a promiscuidade instalada entre poder político, seja ele central ou local, e poder económico. De um modo geral, essa promiscuidade é também caracterizada pelas relações entre quem ocupa cargos públicos - eleitos ou de nomeação - e pessoas ligadas a empresas. Segundo o jornal "Público", o caso Freeport contou com uma de mudança no mínimo suspeita de arquitectos - ligados ao PS, como não poderia deixar de ser.
Este caso do Freeport é mais um sinal da existência de um Estado que não cumpre a sua finalidade de servir os cidadãos; o Estado serve antes interesses político-partidários conspurcados por um compadrio serôdio próprio de países sub-desenvolvidos.
Podemos estar certos do seguinte: a promiscuidade e o compadrio que estão, tantas vezes, no centro das decisões políticas têm custos incalculáveis para o Estado. De resto, são inúmeros os negócios ruinosos para o Estado fruto de relações entre quem ocupa cargos de decisão politica e empresas privadas.
Contudo, o Governo do PS prefere efectuar cortes na despesa social, ao invés de acabar com a tal promiscuidade que tanto onera os portugueses. Nem podia ser de outra forma - afinal, os partidos políticos são centros de emprego e de negócios e é necessário continuar a alimentar clientelas insaciáveis. Reafirmo que os partidos políticos que passaram pelos Governos e por tantas autarquias, salvo honrosas excepções, prestaram um péssimo serviço aos cidadãos e contribuíram para a degradação da própria democracia. Num país em que a Justiça se presta ao ridículo como o caso Freeport bem demonstra e com uma classe politica com a categoria que está à vista de todos, os casos de promiscuidade entre poder político e poder económico vão continuar a proliferar, pelo menos até nós deixarmos.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Direitos e referendo

CDS e Chega defendem a realização de um referendo para decidir a eutanásia, numa manobra táctica, estes partidos procuram, através da consulta directa, aquilo que, por constar nos programas de quase todos os partidos, acabará por ser uma realidade. O referendo a direitos, sobretudo quando existe uma maioria de partidos a defender uma determinada medida, só faz sentido se for olhada sob o prisma da táctica do desespero. Não admira pois que a própria Igreja, muito presa ao seu ideário medieval, seja ela própria apologista da ideia de um referendo. É que desta feita, e através de uma gestão eficaz do medo e da desinformação, pode ser que se chumbe aquilo que está na calha de vir a ser uma realidade. Para além das diferenças entre os vários partidos, a verdade é que parece existir terreno comum entre PS, BE, PSD (com dúvidas) PAN,IL e Joacine Katar Moreira sobre legislar sobre esta matéria. A ideia do referendo serve apenas a estratégia daqueles que, em minoria, apercebendo-se da su...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...