Avançar para o conteúdo principal

Descrédito da Justiça

O caso Freeport é mais um paradigma do mau funcionamento da Justiça em Portugal. Quando se pensava que o caso ia ficar pela acusação de dois dos arguidos, afinal soube-se que os procuradores não tiveram tempo para questionar o primeiro-ministro e o processo continua envolto numa teia de incertezas e suspeições que são pouco consonantes com uma democracia madura.
São inúmeros os casos de Justiça que contribuem para a deterioração da imagem do próprio Estado de Direito. O processo Casa Pia, com os constantes adiamentos, é outro paradigma do mau funcionamento da Justiça.
Enquanto os partidos políticos viverem presos a uma espécie de mediocridade instalada, a Justiça em Portugal continua a degradar o regime democrático e a funcionar como um verdadeiro óbice ao desenvolvimento do país. Nenhum dos partidos políticos com assento parlamentar demonstram ter uma ideia para atenuar os problemas da Justiça. Ou nos são apresentadas propostas avulsas ou nos é atirada areia para os olhos; ideias concretas e corajosas são raras. Senão vejamos: a generalidade dos partidos políticos demonstra ter uma relutância incomensurável no que toca a soluções para um combate eficaz à corrupção, embora Bloco de Esquerda tenha sido uma clara excepção.
A ideia com que os cidadãos ficam é a de que a actual situação da Justiça interessa ao poder político e, consequentemente, recorre-se a subterfúgios para inviabilizar mudanças de fundo.
De um modo geral, podemos estar certos do seguinte: enquanto o acesso à Justiça constituir uma dificuldade para muitos cidadãos; enquanto a morosidade e a ineficácia continuarem a caracterizar a Justiça; enquanto as suspeições recaírem sobre quem está à frente do sistema judicial, o desenvolvimento do país será reiteradamente adiado.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa