Mais cedo ou mais tarde, os portugueses serão chamados a escolher uma nova composição da Assembleia da República e um novo Governo. Passos Coelho será, tudo indica, o líder do PSD e parece evidente que o PS terá que apresentar uma escolha diferente de José Sócrates.
Hoje discute-se muito as diferenças entre o ainda primeiro-ministro e o líder do PSD. Quanto mais explanamos sobre o assunto, mais uma espécie de náusea se vai instalando. De qualquer modo, vale a pena ainda discutir o assunto.
Com efeito, os portugueses encontram-se numa situação desconfortável. De um lado, o país tem um Executivo liderado por José Sócrates que, durante estes largos anos de governação, foi revelando uma incapacidade de melhorar a nossa eficácia económica e não livrou o país do peso de uma Justiça ineficaz e de uma burocracia endémica, além disso, comprometeu o futuro do país ao fazer da Educação e da qualificação dos recursos humanos uma anedota nacional. O legado deste PS será de um país anímico, sem perspectivas e sem recursos para dar a volta à difícil situação. A incapacidade que o Governo revelou em matéria de eficácia económica não é um exclusivo de José Sócrates, mas de muitos que fazem do "chico-espertismo" e da instantaneidade instrumentos privilegiados. De um outro lado, os cidadãos podem escolher o PSD com um líder que não rejeita que uma das suas políticas centrais para sair da crise será a destruição paulatina do mísero e recente Estado Social português e vê na flexibilização do mercado de trabalho a panaceia para os problemas da economia portuguesa. Não lhe parece incomodar o facto de seguir uma ideologia que continua a abdicar da ética, da justiça social e da regulação e que esteve na origem de uma das piores crises do capitalismo.
Não obstante a existência de um pensamento neoliberal dominante na Europa, a verdade é que somos tão pouco originais que andamos a repisar velhas políticas que mais não fazem do que permitir que o escasso desenvolvimento e o consequente bem-estar social sejam miragens cada vez mais distantes.
É deste modo que os portugueses, mais cedo ou mais tarde, vão fazer as suas escolhas. É natural que muitos não escolham nem um nem outro partido, mas a Governação acabará por passar por um destes partidos como é, aliás, recorrente na história da democracia portuguesa. Seja o discurso da inevitabilidade e da salvação do pouco que ainda temos, seja o discurso que esconde o falso modernismo, a propaganda e a incompetência, a verdade é que o futuro do país acabará por passar pelas mãos destes partidos, muito provavelmente pela mão do PSD, num cenário em que a continuação de Sócrates poderá já não ser uma realidade. Isto é também o reflexo da pobreza gritante dos partidos políticos - se dúvidas houver, preste-se atenção às figuras de primeira e segunda linha dos partidos políticos - e da existência de um país que continua a ser pouco exigente consigo próprio e, naturalmente, com os seus representantes políticos. Os políticos mais não são do que o reflexo daquilo que nós somos como sociedade e como país.
Hoje discute-se muito as diferenças entre o ainda primeiro-ministro e o líder do PSD. Quanto mais explanamos sobre o assunto, mais uma espécie de náusea se vai instalando. De qualquer modo, vale a pena ainda discutir o assunto.
Com efeito, os portugueses encontram-se numa situação desconfortável. De um lado, o país tem um Executivo liderado por José Sócrates que, durante estes largos anos de governação, foi revelando uma incapacidade de melhorar a nossa eficácia económica e não livrou o país do peso de uma Justiça ineficaz e de uma burocracia endémica, além disso, comprometeu o futuro do país ao fazer da Educação e da qualificação dos recursos humanos uma anedota nacional. O legado deste PS será de um país anímico, sem perspectivas e sem recursos para dar a volta à difícil situação. A incapacidade que o Governo revelou em matéria de eficácia económica não é um exclusivo de José Sócrates, mas de muitos que fazem do "chico-espertismo" e da instantaneidade instrumentos privilegiados. De um outro lado, os cidadãos podem escolher o PSD com um líder que não rejeita que uma das suas políticas centrais para sair da crise será a destruição paulatina do mísero e recente Estado Social português e vê na flexibilização do mercado de trabalho a panaceia para os problemas da economia portuguesa. Não lhe parece incomodar o facto de seguir uma ideologia que continua a abdicar da ética, da justiça social e da regulação e que esteve na origem de uma das piores crises do capitalismo.
Não obstante a existência de um pensamento neoliberal dominante na Europa, a verdade é que somos tão pouco originais que andamos a repisar velhas políticas que mais não fazem do que permitir que o escasso desenvolvimento e o consequente bem-estar social sejam miragens cada vez mais distantes.
É deste modo que os portugueses, mais cedo ou mais tarde, vão fazer as suas escolhas. É natural que muitos não escolham nem um nem outro partido, mas a Governação acabará por passar por um destes partidos como é, aliás, recorrente na história da democracia portuguesa. Seja o discurso da inevitabilidade e da salvação do pouco que ainda temos, seja o discurso que esconde o falso modernismo, a propaganda e a incompetência, a verdade é que o futuro do país acabará por passar pelas mãos destes partidos, muito provavelmente pela mão do PSD, num cenário em que a continuação de Sócrates poderá já não ser uma realidade. Isto é também o reflexo da pobreza gritante dos partidos políticos - se dúvidas houver, preste-se atenção às figuras de primeira e segunda linha dos partidos políticos - e da existência de um país que continua a ser pouco exigente consigo próprio e, naturalmente, com os seus representantes políticos. Os políticos mais não são do que o reflexo daquilo que nós somos como sociedade e como país.
Comentários
Aos trabalhadores e, desigadamente ao povo português: cuidado com os "Passos Coelhos"!!!