Avançar para o conteúdo principal

Tudo na mesma

As decisões que saíram da última cimeira do G20 reforçam aquilo que já todos perceberam: fica tudo na mesma, a vontade de encetar mudanças no modelo económico global é praticamente nula, e mais grave, é na Europa que o conservadorismo económico assente no neoliberalismo que está subjacente à crise, parece ganhar mais adeptos.
É neste contexto que não causa estranheza a receita, impulsionada pela Alemanha, para a crise: medidas de austeridade que asfixiam as classes médias no sentido de reduzir défices e endividamento e nenhuma medida para reforçar a regulação e supervisão dos mercados. Dito por outras palavras: continuamos a assistir à prevalência da economia em detrimento da política – perdem os cidadãos porque perdem a sua soberania, perdem a sua voz.
A medida que visava a aplicação de uma taxa semelhante à taxa Tobin caiu por terra na precisa medida em que se decidiu que cabe aos Estados aplicar ou não essa taxa que incidiria sobre a especulação e sobre o sector financeiro. É evidente que dizer que a aplicação da taxa fica ao critério de cada país é o mesmo do que anunciar já a morte dessa medida.
Em suma, fica tudo na mesma. Continuam a ser as classes médias e os mais fragilizados como os desempregados a pagar as consequências da voracidade dos mercados e da inépcia dos políticos. Mais uma vez a Alemanha destaca-se pela negativa. Assume a liderança de uma Europa desorientada graças também a essa liderança alemã que tem apenas uma preocupação: salvaguarda dos interesses alemães, tal como a demora na ajuda à Grécia bem demonstrou.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa