Avançar para o conteúdo principal

Selecção de imigrantes

O tema ganhou importância com as declarações de um político alemão do partido da chanceler Angela Merkel. Este político afirmou que a selecção de imigrantes deve passar pela utilização de testes de inteligência. Este método de selecção foi amplamente criticada pelos partidos da oposição, mas não invalida uma discussão mais alargada sobre a imigração, designadamente sobre quotas de imigração,
Quanto à forma de selecção proposta por Peter Trapp, porta-voz da União Democrata-Cristã, as críticas têm a sua razão de ser. Embora seja visível que a orientação de muitos países europeus passe pelo interesse no acolhimento de imigrantes com qualificações elevadas, devidos às necessidades actuais desses países. No entanto, chegar-se ao ponto de seleccionar em função da inteligência parece demasiado rebuscado e ambíguo do ponto de vista moral.
É natural que os países procurem ajustar a entrada de imigrantes às suas necessidades laborais e é duvidoso que a relativização desse ajustamento seja profícuo quer para os países quer para os imigrantes. Mas a importância da imigração é substancial numa Europa envelhecida e qualquer selecção não pode deixar totalmente de fora os menos qualificados que são precisamente os que, em geral, mais necessitam de ser acolhidos.
De todo o modo, parece-me legítimo que a Europa faça a sua selecção consoante as suas necessidades e, se necessário, possa reduzir quotas. É contra-producente pensar que não deve haver limites à entrada de imigrantes quando não existem condições para essa entrada. Nesta como noutras questões deve prevalecer um equilíbrio – a proposta da selecção através de testes de inteligência não cabe nesse equilíbrio. Tal como as formas de imigração escolhidas por muitos países europeus não se coaduna com esse equilíbrio, designadamente quando se promove a integração a qualquer custo.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma