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Presidenciais

Esta semana foi prolífera no que diz respeito ao próximo período eleitoral: as eleições presidenciais. Desde logo, a promulgação presidencial do casamento entre pessoas do mesmo sexo aborreceu a direita mais conservadora e o país até teve direito aos comentários políticos de um ilustre membro da Igreja que, ao que parece, ter-se-á entusiasmado ao ponto de fazer futurologia com o futuro político de Cavaco Silva. Em seguida, o PS finalmente apoiou o candidato Manuel Alegre.
Nestas circunstâncias, o país volta a contar com a tibieza de quem concorre a cargos políticos e com os comentários pouco felizes de quem ainda não percebeu que a sua capacidade de influência já conheceu melhores dias.
Assim, temos um candidato que durante o seu mandato teve dois momentos altos: a questão da Estatuto dos Açores e a promulgação da lei que permite que duas pessoas do mesmo sexo possam casar; no primeiro caso, a esmagadora maioria dos portugueses não percebeu a gravidade que Cavaco pretendeu imprimir à questão e no segundo, os portugueses tiveram direito às contradições que assolavam o Presidente: a promulgação ia contra os seus princípios pessoais. A Presidência de Cavaco resume-se a isto. Durante o seu mandato não agiu de forma contundente, revelando a tibieza dos que são ignorados pela História.
Por outro lado, os cidadãos vêem-se confrontados com a confusão em torno da candidatura de Manuel Alegre. Primeiro reuniu o apoio do Bloco de Esquerda e agora o do PS; quando esta candidato tiver que revelar as suas posições políticas sobre o período conturbado que o país atravessa a sua candidatura sairá ainda mais fragilizada – afinal, Manuel Alegre concorda com as medidas de austeridade levadas a cabo pelo Governo? E em que posição fica o Bloco de Esquerda.
Finalmente, sobra o candidato Fernando Nobre, cujas ideias políticas ainda não são verdadeiramente conhecidas pela generalidade das pessoas e falta conhecer o candidato do PCP. Fala-se de uma possível candidatura de direita em paralelo com a candidatura centrista de Cavaco Silva, o que me parece improvável. Os portugueses têm novamente uma árdua tarefa: é difícil escolher quando o que apetece é não fazer qualquer escolha.

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