Avançar para o conteúdo principal

A guerra das portagens

O Governo mostrou mais uma vez a sua displicência no que diz respeito à explicação das suas medidas. É difícil explicar o facto de se passar a pagar portagens apenas no norte – é uma infeliz coincidência?
Sendo certo que a introdução de portagens nas SCUTS fez parte do programa eleitoral do PS, também é evidente que essa introdução, os seus critérios e a sua localização merecem ser uma explicação aprofundada por parte do Governo, o mesmo deveria acontecer com os chips.
De facto, o Governo do PS, no alto da sua arrogância, sempre pautou a sua acção política pela ausência de explicações das suas aos cidadãos e, não raras vezes, à própria Assembleia da República.
Verificam-se vários problemas e não só com o Governo: no caso específico do Governo – deste e de outros no passado – os seus membros mostram algum desprezo quer pelos cidadãos, quer pelo órgão que deveria fazer a sua vigilância que é o Parlamento. Por seu turno, os cidadãos mostram-se pouco exigentes com a eleição e manutenção dos seus representantes, essa falta de exigência tem comprometido seriamente a qualidade dos representantes eleitos. Por outro lado, o facto da Assembleia da República ser um mostruário de partidos políticos, pouco afoito à liberdade de pensamento e pouco propenso a uma supervisão ao Governo desincentiva este ou qualquer outro Executivo a ser mais transparente com os cidadãos.
O resultado só não é pior graças à inexistência de uma maioria absoluta do Governo. Em qualquer caso, a verdade é que as explicações não são uma prioridade, deixando os cidadãos entregues ao populismo, à opacidade, ao aproveitamento político e ao oportunismo.
A questão das portagens poderá transformar-se numa guerra política com consequências imprevisíveis. Neste caso particular, o problema já se agravou de tal forma que me parece já não ser possível ser atenuado com quaisquer explicações, até porque é difícil explicar a excessiva preponderância de portagens nas SCUTs do norte.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa