Avançar para o conteúdo principal

Falta de Solidariedade na Europa

As recentes eleições na Bélgica são sintomáticas da total ausência de solidariedade até dentro dos próprios Estados. Trata-se afinal de um país dividido entre flamengos e francófonos e a questão da solidariedade esteve sempre presente nas campanhas eleitorais com os flamengos a afirmarem o seu cansaço de subsidiar o sul e com os francófonos a queixarem-se da falta de solidariedade dos seus vizinhos flamengos.
Este é o retrato do país que assume a presidência da União Europeia a partir de 1 de Julho e é também mais um exemplo da irrelevância da solidariedade numa Europa ela própria pouco solidária.
De resto, nos últimos meses assistiu-se à relutância alemã em ajudar um país da zona euro – a Grécia. Essa relutância por muito bem fundamentada que possa ter parecido foi determinante para a fragilidade de toda a zona Euro e da União Europeia.
Com efeito, a demora da Alemanha em participar activamente num plano de ajuda à Grécia acabou por redundar na ideia de que a Europa está muito longe de ser coesa, mostrando fragilidades que acabaram por fazer as delícias da ainda presente ditadura dos mercados. Mas a ausência de solidariedade entre Estados é tanto mais dramática quando contraria os princípios da própria construção europeia. A Europa é hoje apenas uma união económica e nem isso consegue ser com a devida acuidade. As questões sociais e a aproximação entre povos foram relegadas para o plano da quase indiferença. A Europa rege-se hoje pelas medidas de austeridade mais draconianas, esquecendo que os excessos dessas medidas inviabilizam o crescimento económico e, subsequentemente, o combate ao desemprego. A Europa é hoje um clube de egoísmos. Por conseguinte, a próxima presidência belga da União Europeia encaixa na perfeição numa Europa dividida e sem rumo.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa