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Dia de Portugal

Dia de comemorações em que se celebra o dia nacional, dia que fica marcado pelo discurso do Presidente da República, dia em que se olha com outros olhos para o estado do país, dia em que se pede a união de todos os portugueses, dia em que se sublinha a improbabilidade da longevidade do país e em que se enaltecem os grandes feitos deste povo.
O Presidente da República falou com particular veemência da coesão nacional relacionando-a com a coesão social. Infelizmente, é precisamente essa coesão social que tem sido posta em causa – as próprias medidas de austeridade são um atentado à coesão nacional. O Governo preferiu onerar a classe média e os desempregados, deixando de lado os que mais têm, ignorando o despesismo que alimenta os privilegiados. Esta obscenidade tem marcado os anos Sócrates, caracterizados pelo ataque sistemático à classe média. Esse ataque é também um ataque à própria coesão social indissociável da coesão nacional.
O dia de Portugal, este dia em particular, é um dia vazio de sentido para tantos e tantos portugueses que se sentem vazios de esperança. Esta ausência de esperança num futuro melhor associada à angústia do presente não tem os seus efeitos atenuados pelo regresso ao passado do esplendor de Portugal.
A verdade é que Portugal está condenado ao insucesso e condena os seus habitantes ao perpétuo cerceamento da esperança num futuro melhor e assim permanecerá enquanto continuar a ter elites anódinas e gananciosas e enquanto os seus cidadãos continuarem a subscrever a acção dessas elites. Será que alguém pode acreditar que o país tem algum futuro quando se olha para as lideranças do PS e do PSD? Será que alguém pode honestamente supor que o país vai longe com partidos cuja ideologia é anacrónica? Ou será que alguém pode antever um futuro para um país cujo tecido empresarial é, em larga medida, atávico, semi-analfabeto e ganancioso?
Finalmente, importa sublinhar a iniciativa de António Barreto de integrar todos os ex-combatentes nas comemorações do 10 de Junho. Parabéns a António Barreto pelo discurso conciliador e carregado de uma sensatez pouco habitual nos tempos que correm.

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