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Ataque de Israel


As imagens de um dos seis barcos de activistas de diversas nacionalidades com rumo à Faixa de Gaza são desconcertantes; quer as imagens que mostram os activistas a ser atacados, quer as imagens reveladas pelas autoridades israelitas que mostram a forma como os militares foram recebidos pelos activistas. Mas há uma grande diferença entre as imagens: numa delas o resultado foi a morte de vários activistas. É difícil explicar este resultado, com a agravante da força ser necessariamente desproporcionada – uns são forças especiais do Exercito israelita, os outros activistas e pacifistas.
As consequências para as relações entre Israel e a Turquia (O barco em questão tinha bandeira turca) poderão ser irreparáveis – a opinião pública turca e muçulmana em geral não vai perdoar o ataque israelita a um grupo de activistas que levava ajuda humanitária aos desesperados cidadãos de uma região dos territórios palestinianos isolada – Gaza.
Com efeito, a própria situação de Gaza é incompreensível para uma opinião pública cansada da intransigência de Israel que desde a teimosia em continuar com a política dos colonatos até à relutância em assinar tratados de não proliferação nuclear começa a ter fortes semelhanças com um Estado pária.
Este ataque de Israel agudiza uma situação já difícil no Médio Oriente e inflama a opinião pública mundial, muito em particular, nos países muçulmanos. Já se fala numa terceira intifada e o Hamas já aproveitou para pedir consequências para os interesses do Estado israelita em países estrangeiros. Mesmo no seio da comunidade internacional são muitas as veementes condenações e pedidos urgentes de investigação ao ocorrido.
Avizinham-se tempos difíceis para Israel que poderá sofrer algum isolamento internacional (a Turquia vai certamente encetar esforços para que isso aconteça) e não é de excluir uma nova escalada de violência contra Israel. O Médio Oriente corre novamente o risco de ficar a ferro e fogo e a intransigência de Israel poderá ser a sua ruína. Além do mais, estas acções de Israel acabam por dar mais força aos movimentos activistas que lutam contra o bloqueio de Gaza.

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