… grita o Vaticano, a propósito do vasto rol de escândalos de pedofilia envolvendo membros da Igreja Católica. Um pregador do Vaticano foi ainda mais longe, e numa altura do ano que também lembra ao povo judeu o anti-semitismo de que foi alvo, compara a actual situação da Igreja Católica ao anti-semitismo. Posteriormente pediu desculpas.
Estas declarações são mais um sinal de que a Igreja perdeu noção da realidade, tem memória curta e, numa insistência contraproducente, está desfasada da realidade.
As mais altas figuras da Igreja Católica mantêm uma recusa inabalável em reconhecer que erraram ao encobrir tantas situações de pedofilia que envolviam membros da Igreja; o alegado encobrimento do próprio Papa relativamente a estes casos constitui uma situação grave que merece ser discutida e explicada pelo Papa; a Igreja continua a esquecer as vítimas. Ainda hoje, as preocupações dos membros da Igreja prendem-se com a defesa de acusações de casos de pedofilia. Deste ponto de vista, as vítimas ficam, novamente, relegadas para segundo plano.
A perseguição de que a Igreja alega ser alvo, não mais é do que a reacção expectável de uma comunicação social que se vê confrontada com uma multiplicidade de casos de pedofilia e com indícios que as mais altas figuras da Igreja tudo fizeram para manter esses casos ignotos, protegendo assim os seus membros e desprezando as vítimas.
Não há muito mais a dizer sobre o que se tem passado com a Igreja Católica. Estes senhores vivem num reduto afastado da realidade, e a sua conduta acaba tantas e tantas vezes por não se coadunar com os ensinamentos de Cristo. E mesmo alegando que haverá sempre comportamentos reprováveis e até ignóbeis, a Igreja não quer perceber que não é só isso que está em causa, mas a forma como os seus membros lidam com esses comportamentos reprováveis e ignóbeis.
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