Avançar para o conteúdo principal

Uma nova fase para o PSD

Com a vitória de Pedro Passos Coelho, que começa hoje a trabalhar como líder do partido, abre-se uma nova fase no PSD, talvez agora com o mínimo de estabilidade. O PSD abre esta nova fase da sua vida interna quando o contexto do país é de acentuada instabilidade económica, política e social.

O PSD vive dividido entre aquilo que alguns consideram a estabilidade do país que passa pela estratégia de não ser responsável pela queda do Governo socialista; e outros que acreditam que, em particular depois da apresentação do PEC, o PSD deve distanciar-se inexoravelmente do Governo e se isso significar instabilidade política que o seja. Será neste segundo grupo que o novo líder do PSD se insere, embora no seu discurso da vitória, tenha optado por um tom mais moderado.

Os próximos tempos serão de oportunidade para Passos Coelho mostrar de que forma é que vai coexistir com o Governo, e de que modo é que vai conseguir captar o eleitorado que, tradicionalmente, não vota PSD.

Mas o mais importante será a profusão de ideias que tem rareado nos dois partidos do chamado centrão. O PSD precisa de mostrar aos cidadãos que tem um projecto alternativo às políticas do PS, sendo que já não chega a propaganda e as frases fáceis.

Em suma, importa saber o que é que Pedro Passos Coelho pretende para o país. Importa, por exemplo, perceber se os seus laivos de liberalismo económico se vão traduzir na defesa de políticas que visam destruir paulatinamente sectores que devem permanecer sob a alçada do Estado, designadamente a Saúde e Educação. Isto num país pouco preparado para aceitar esse liberalismo. De resto, é fundamental que se perceba o que é que Passos Coelho entende por emagrecimento do Estado, mesmo concordando com o diagnóstico, é essencial perceber qual o caminho que Passos Coelho seguirá. Assim como é necessário saber se a flexibilização das leis laborais de que o novo Presidente do PSD é apologista não terá como grandes consequências o aumento da precariedade e a fragilização dos trabalhadores.

Por conseguinte, os tempos que se avizinham são essencialmente tempos de esclarecimentos e da aposta do PSD em mostrar ao país o que pretende para cercear as dificuldades incomensuráveis que atravessamos e como pretende levar o país no sentido do desenvolvimento. E não esqueçamos o seguinte: a esperança tem que voltar a estar no centro das vidas dos cidadãos. A ver vamos se Passos Coelho tem essa capacidade.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Saídas para os impasses

As últimas semanas têm sido pródigas na divulgação de escândalos envolvendo o primeiro-ministro e as suas obrigações com a Segurança Social e com o Fisco. Percebe-se que os princípios éticos associados ao desempenho de funções políticas são absolutamente ignorados por quem está à frente dos destinos do país - não esquecer que o primeiro-ministro já havia sido deputado antes de se esquecer de pagar as contribuições à Segurança Social. A demissão está fora de questão até porque o afastamento do cargo implica, por parte do próprio, um conjunto de princípios que pessoas como Passos Coelho simplesmente não possuem. A oposição, a poucos meses de eleições, parece preferir que o primeiro-ministro coza em lume brando. E com tanta trapalhada insistimos em não discutir possíveis caminhos e saídas para os impasses com que o país se depara. Governo e oposição (sobretudo o Partido Socialista) agem como se não tivessem de possuir um único pensamento político. Assim, continuamos sem saber o que...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...