Avançar para o conteúdo principal

Reformar o Estado

Os candidatos à Presidência do PSD têm insistido na necessidade de rever as funções do Estado e na emergência de se reformar o Estado. O certo é que o Governo de José Sócrates falhou clamorosamente na tarefa de trazer mais eficiência e retirar custos ao Estado. Acresce a esse falhanço a promiscuidade que existe entre poder político e sector empresarial privado. O resultado é o avolumar de críticas ao funcionamento do Estado e às suas funções, havendo quem não resista em pugnar pela redução do peso do Estado que se traduz numa verdadeira redução de funções e de influência.

É esta ideia que subjaz ao discurso do candidato à liderança do PSD, Pedro Passos Coelho. Não se trata de agilizar o funcionamento do Estado, voltando ao essencial das funções do Estado – estar ao serviço dos cidadãos. A ideia que subjaz ao discurso de Passos Coelho raia a liquidação do Estado-Providência.

Sublinhe-se que este discurso parece colher simpatias, para já no PSD, num momento em que a crise surge como resultado do falhanço dos Estados ao nível da supervisão e regulação. Dito por outras palavras, agora que necessitamos de um Estado eficiente e regulador – e não o magistério do mercado – é que surge um discurso como o de Passos Coelho.

Também se percebe pelas ideias de Passos Coelho que reformar o Estado significa abdicar de áreas como a Educação, Saúde e quem sabe, da própria Justiça. Entende-se que o único caminho da sustentabilidade do sistema passa pela coexistência de público e privado, mas que se vai tornando cada vez mais privado e cada vez menos público.

Será que o país está preparado para ir abdicando do seu Estado-Providência? Podemos concordar que é necessário encetar mudanças no funcionamento e filosofia que está subjacente ao Estado e concordamos seguramente que o modelo de desenvolvimento económico e social tem prejudicado o país, mas discordamos visceralmente do caminho a seguir para atingir o objectivo de desenvolver Portugal.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Direitos e referendo

CDS e Chega defendem a realização de um referendo para decidir a eutanásia, numa manobra táctica, estes partidos procuram, através da consulta directa, aquilo que, por constar nos programas de quase todos os partidos, acabará por ser uma realidade. O referendo a direitos, sobretudo quando existe uma maioria de partidos a defender uma determinada medida, só faz sentido se for olhada sob o prisma da táctica do desespero. Não admira pois que a própria Igreja, muito presa ao seu ideário medieval, seja ela própria apologista da ideia de um referendo. É que desta feita, e através de uma gestão eficaz do medo e da desinformação, pode ser que se chumbe aquilo que está na calha de vir a ser uma realidade. Para além das diferenças entre os vários partidos, a verdade é que parece existir terreno comum entre PS, BE, PSD (com dúvidas) PAN,IL e Joacine Katar Moreira sobre legislar sobre esta matéria. A ideia do referendo serve apenas a estratégia daqueles que, em minoria, apercebendo-se da su...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...