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Palhaçada

O país já nem se choca com as tristes figuras de representantes da nação como aquelas que todos presenciámos entre um deputada do PSD e um deputado do PS. Apesar da palhaçada se ter instalado na Assembleia da República, a generalidade das pessoas já pouco ou nada se choca com estas boçalidades. De facto há situações mais gravosas, como a inépcia e incapacidade para governar e a tentação de esquecer o fundamental para se incidir sobre o acessório, do que esta que revela odesrespeito pela instituição democrática que é a Assembleia da República.

Todavia, o que nos deve seriamente preocupar são questões de natureza diferente: por um lado, a qualidade dos políticos que elegemos, forjados em partidos políticos medíocres e arredados da realidade do país; por outro, a nossa própria letargia começa a ser constrangedora. Há um consenso que atravessa a sociedade portuguesa sobre a classe política: são genericamente iguais e nunca constituem verdadeira alternativa. Além disso o hermetismo dos partidos políticos condiciona a qualidade dos políticos. Podemos contestar este consenso, mas no fundo não temos assim tantas certezas e a realidade coloca-nos mais dúvidas do que certezas.

Para além dos ilustres políticos, grande parte dos que nos representam ou governam, mostrarem um desprezo gritante sobre os interesses dos cidadãos, surgem agora estas palhaçadas (peço, naturalmente, a palavra emprestada a uma ilustre deputada).

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