Avançar para o conteúdo principal

Oposição ao regime no Irão

A morte do ayatollah Ali Montazeri acabou por ser mais uma oportunidade para muitos iranianos apologistas do reformismo mostrarem a sua insatisfação relativamente ao regime de Ahmadinejad e do ayatollah Khamenei. O falecido ayatollah Ali Montazeri era um dos símbolos da mudança tão almejada pelos iranianos, em especial pelos mais jovens.

Com efeito, o descontentamento manifestado pelos iranianos tem sido contínuo e não esmoreceu como muitos suspeitariam que viesse acontecer. Não se tratou, porquanto, de umepifenómeno sem grandes consequências. Todas as manifestações de descontentamento acabam por fragilizar o regime de Ahmadinejad e Khamenei que se apoia numa guarda fiel, em milícias à margem da lei e numa parte da população que se deixou cegar pelo extremismo.

Repare-se que a estratégia de eleger inimigos externos, num misto de fanatismo e nacionalismo, não chega para congregar os apoios necessários, mantendo o país estável efiel aos princípios da teocracia. A mudança não tardará a chegar ao Irão, e suspeito que as tentativas de condicionar essa mudança, designadamente através, de prisões arbitrárias, torturas e até assassínio, estão longe de produzir o efeito desejável, muito pelo contrário, têm causado um recrudescimento das manifestações contra o regime.

Infelizmente, antes da mudança chegar ao Irão, a violência e a repressão continuarão a marcar lugar. Hoje será a morte do ayatollah Ali Montazeri a desencadear essas manifestações, no próximo domingo é altura de um momento central na vida dos xiitas - o Ashura - a lembrar a morte de Hussein, neto do profeta, e símbolo da luta contra a opressão, e será esse um novo pretexto para muitos iranianos mostrarem o seu descontentamento.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Direitos e referendo

CDS e Chega defendem a realização de um referendo para decidir a eutanásia, numa manobra táctica, estes partidos procuram, através da consulta directa, aquilo que, por constar nos programas de quase todos os partidos, acabará por ser uma realidade. O referendo a direitos, sobretudo quando existe uma maioria de partidos a defender uma determinada medida, só faz sentido se for olhada sob o prisma da táctica do desespero. Não admira pois que a própria Igreja, muito presa ao seu ideário medieval, seja ela própria apologista da ideia de um referendo. É que desta feita, e através de uma gestão eficaz do medo e da desinformação, pode ser que se chumbe aquilo que está na calha de vir a ser uma realidade. Para além das diferenças entre os vários partidos, a verdade é que parece existir terreno comum entre PS, BE, PSD (com dúvidas) PAN,IL e Joacine Katar Moreira sobre legislar sobre esta matéria. A ideia do referendo serve apenas a estratégia daqueles que, em minoria, apercebendo-se da su...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...