Avançar para o conteúdo principal

O rumo traçado por Sócrates

O primeiro-ministro e o seu governo elegeram as grandes obras públicas como panaceia para grande parte dos problemas económicos do país, sobretudo no que diz respeito àquelas dificuldades que foram agravadas pela crise económica. O rumo traçado pelo primeiro-ministro passa essencialmente por esses grandes projectos - é através das grandes obras que, diz o ministro das Obras Públicas, o país vai recuperar.

Convinha, porém, ao Executivo de José Sócrates explicar aos portugueses a seguinte proeza: como é que é possível empreender as tais grandes obras públicas, num contexto de défice de oito por cento, quando o país atinge níveis de endividamento preocupantes e,simultaneamente , não aumentar impostos? É a esta questão que o primeiro-ministro e a sua equipa deveriam responder. É sobejamente conhecida a recusa do primeiro-ministro em responder às questões colocadas pela oposição no Parlamento, mas as suas recusas em esclarecer o país são intoleráveis.

Na verdade, compreendem-se as razões que levam o primeiro-ministro a não responder a estas dúvidas tão incómodas. O aumento de impostos já seria provavelmente uma inevitabilidade num contexto de endividamento crescente e défice na casa dos oito porcento, quanto mais quando a isto acresce a construção de grandes obras públicas. Não se trata de uma questão de saber se vai haver lugar a um aumento de impostos ou não; a questão é mesmo quando e quem vai pagar os erros do presente - nós, ou os mais novos.

O rumo traçado pelo actual primeiro-ministro para combater a crise e recuperar a economia carece de explicações mais detalhadas. Mas não são necessárias explicações para se perceber que o rumo traçado pelo governo vai acabar por resultar num agravamento muito significativo dos problemas do já periclitante estado da economia portuguesa.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Saídas para os impasses

As últimas semanas têm sido pródigas na divulgação de escândalos envolvendo o primeiro-ministro e as suas obrigações com a Segurança Social e com o Fisco. Percebe-se que os princípios éticos associados ao desempenho de funções políticas são absolutamente ignorados por quem está à frente dos destinos do país - não esquecer que o primeiro-ministro já havia sido deputado antes de se esquecer de pagar as contribuições à Segurança Social. A demissão está fora de questão até porque o afastamento do cargo implica, por parte do próprio, um conjunto de princípios que pessoas como Passos Coelho simplesmente não possuem. A oposição, a poucos meses de eleições, parece preferir que o primeiro-ministro coza em lume brando. E com tanta trapalhada insistimos em não discutir possíveis caminhos e saídas para os impasses com que o país se depara. Governo e oposição (sobretudo o Partido Socialista) agem como se não tivessem de possuir um único pensamento político. Assim, continuamos sem saber o que...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...