Avançar para o conteúdo principal

Não suspensão do modelo de avaliação

Jorge Lacão, ministro dos Assuntos Parlamentares, afirmou que o modelo de avaliação dos professores não será suspenso. Refere a possibilidade de o mesmo ser melhorado e apela à sensatez da oposição. Na verdade não era bem isto que muitos queriam ouvir, o ideal seria mesmo a suspensão do próprio governo. Infelizmente, esse cenário não, para já, possível.

Quanto à intransigência do Governo em abandonar a teimosia desvairada de querer aplicar um modelo intrincado e que terá, provavelmente, um reduzido grau de eficácia, não espanta ninguém; embora seja possível que as palavras deLacão não passem de um mero jogo de retórica. De facto, será difícil avançar com um modelo que é central nos antagonismos criados pela anterior equipa de Maria de Lurdes Rodrigues.

Paralelamente, outro aspecto que merece discussão prende-se com a crescente burocratização da classe docente. Não se compreende como é que se faz da educação um verdadeiro labirinto que consome tempo e forças a uma classe profissional cuja função é ensinar, passar conhecimento. Muitos consideram que o Governo de José Sócrates deu sinais de simplificar processos outrora complexos em vários serviços da Administração Pública; mas fez precisamente o contrário com as escolas, levando muitos professores a perderem demasiado tempo com relatórios, preenchimento de tabelas e fichas verdadeiramente desprovidas de sentido.

Note-se também que mesmo que o modelo de avaliação seja revogado, ficam estas preciosidades da burocracia e, não menos importante, a divisão de professores em titulares e não titulares. Consequentemente, o modelo de avaliação é mais um factor de discórdia, mas há outros que vão complicar a vida da nova ministra e do próprio governo, desta vez um governo que, nas condições actuais, é obrigado a procurar consensos.

Comentários

Anónimo disse…
Só mais dois pregos para o caixão nada mais do que isso. Abraço

Mensagens populares deste blogue

Saídas para os impasses

As últimas semanas têm sido pródigas na divulgação de escândalos envolvendo o primeiro-ministro e as suas obrigações com a Segurança Social e com o Fisco. Percebe-se que os princípios éticos associados ao desempenho de funções políticas são absolutamente ignorados por quem está à frente dos destinos do país - não esquecer que o primeiro-ministro já havia sido deputado antes de se esquecer de pagar as contribuições à Segurança Social. A demissão está fora de questão até porque o afastamento do cargo implica, por parte do próprio, um conjunto de princípios que pessoas como Passos Coelho simplesmente não possuem. A oposição, a poucos meses de eleições, parece preferir que o primeiro-ministro coza em lume brando. E com tanta trapalhada insistimos em não discutir possíveis caminhos e saídas para os impasses com que o país se depara. Governo e oposição (sobretudo o Partido Socialista) agem como se não tivessem de possuir um único pensamento político. Assim, continuamos sem saber o que...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...