Avançar para o conteúdo principal

Identidade Nacional em França

Em França discute-se a identidade nacional e o que é ser francês, discussões que acabam por esbarrar em acusações de xenofobia. O ministro do Interior afirma que se trata de um debate que "deve valorizar tudo o que emigração trouxe para identidade nacional...". Em França como, de resto, em praticamente toda a Europa torna-se impossível separar a imigração da própria identidade nacional de cada país.

Com efeito, o fenómeno da imigração tem um peso iniludível na sociedade francesa e os problemas associados à integração não merecem ser assunto tabu, muito pelo contrário; assim como os franceses têm todo o direito de debater a sua identidade e o que é que significa ser francês. O problema da imigração, ou mais concretamente a sua discussão, revela a existência de diferentes sensibilidades que é preciso gerir. Se por um lado, a integração dos emigrantes e seus descendentes é central à construção de qualquer sociedade, por outro a forma como essa integração é feita e os efeitos dessa integração na população autóctone é igualmente importante.

Uma das maiores dificuldades das sociedades actuais prende-se precisamente com a integração dos emigrantes. Reconheça-se a dificuldade em gerir as mais diversas sensibilidades sobre o assunto e a preponderância do politicamente correcto por um lado e da rejeição dos emigrantes por outro. Na Europa o multiculturalismo tem se imposto, mas os problemas com a integração não cessam de crescer. Não deve recair sobre este assunto nenhum anátema e a discussão deve centrar-se em dois pólos: de um lado, de que forma os países de acolhimento podem combater a imigração ilegal, a exploração laboral de emigrantes e essencialmente a discriminação; é igualmente importante que as próprias comunidades de emigrantes se empenhem na sua própria integração, respeitando os respectivos países de acolhimento e os seus cidadãos.

De um modo geral, até se pode discutir se haverá ou não insinuações xenófobas em algumas das perguntas postas a análise e que fazem parte da discussão, mas isso não pode invalidar uma discussão ampla sobre a identidade francesa - o que tem vindo a acontecer é que na tentativa de uma integração dos emigrantes, as sociedades acabam por relativizar a sua própria identidade.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma