Avançar para o conteúdo principal

20 anos depois

Comemorou-se ontem os 20 anos da queda do Muro de Berlim, o também chamado Muro da Vergonha. Com a queda do Muro de Berlim, milhões de cidadãos do Leste da Europa deixaram de viver sob o jugo comunista que castrava umacaracterística intrínseca aos seres humanos: a necessidade de ser livre. A queda do Muro foi também a queda do comunismo e o fim de uma Europa dividida.

Este acontecimento, a par de outros que marcam a história da humanidade, dá geralmente lugar à esperança de uma melhoria na vida das pessoas. Essa melhoria acabou por acontecer, mas a última década mostrou também os efeitos nefastos de uma globalização da economia, assente em larga medida no capitalismo selvagem, sem o necessário acompanhamento de uma globalização social e política.

O enfraquecimento da política face ao poder económico acaba por se traduzir também numa crise internacional como o mundo não via há oitenta anos. A constante degradação da vida dos cidadãos europeus a par de taxas de desemprego galopantes acabam por estragar a festa dos 20 anos da queda do Muro de Berlim. Segundo uma sondagem da BBC não são assim tão poucos os que acreditam que se vivia melhor no regime comunista que soçobrou com a queda do Muro de Berlim.

Cabe hoje à Europa mostrar que retirou ilações da crise internacional e que tudo fará para que não se caía nas asneiras do passado em que para alimentar a voracidade de alguns, se compromete o futuro de muitos. Cabe à Europa mostrar que a queda do Muro de Berlim foi um factor de união decisivo para a UE tal a conhecemos e é também responsabilidade da Europa mostrar que pode ser uma alternativa ao capitalismo selvagem que por aípulula, sabendo de antemão que as ameaças à coesão social são ameaças à democracia e à própria União Europeia.

Apesar de tudo, continuo a não ter dúvidas que o mundo e muito em particular a Europa estão melhor hoje do que antes da queda do Muro de Berlim.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Saídas para os impasses

As últimas semanas têm sido pródigas na divulgação de escândalos envolvendo o primeiro-ministro e as suas obrigações com a Segurança Social e com o Fisco. Percebe-se que os princípios éticos associados ao desempenho de funções políticas são absolutamente ignorados por quem está à frente dos destinos do país - não esquecer que o primeiro-ministro já havia sido deputado antes de se esquecer de pagar as contribuições à Segurança Social. A demissão está fora de questão até porque o afastamento do cargo implica, por parte do próprio, um conjunto de princípios que pessoas como Passos Coelho simplesmente não possuem. A oposição, a poucos meses de eleições, parece preferir que o primeiro-ministro coza em lume brando. E com tanta trapalhada insistimos em não discutir possíveis caminhos e saídas para os impasses com que o país se depara. Governo e oposição (sobretudo o Partido Socialista) agem como se não tivessem de possuir um único pensamento político. Assim, continuamos sem saber o que...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...