Avançar para o conteúdo principal

Consequências do caso Isaltino Morais

O Tribunal de Sintra condenou o autarca de Oeiras, Isaltino Morais, a uma pena de 7 anos de prisão efectiva e a perda de mandato. Apesar de ainda se ter que aguardar pelos recursos e embora o autarca já tenha feito questão de afirmar a sua intenção de se recandidatar, a pena decretada pelo Tribunal de Sintra é um sinal que a Justiça portuguesa pode ser mais eficiente e justa. Note-se bem que a má reputação da Justiça portuguesa tem o seu fundamento, o que torna esta sentença ainda mais importante.

As consequências políticas da sentença proferida ontem deveriam originar uma imediata erradicação do autarca de Oeiras da política. É necessária uma maiortransparência no seio da classe política para que a própria democracia possa ser consolidada. Ora, a promiscuidade de parte da classe política com outros sectores da vida económica e a busca incessante de alguns da satisfação das suas necessidades tem minado a confiança dos cidadãos em relação às próprias instituições democráticas. A recandidatura do autarca às próximas eleições revela o desprezo que muitos têm pelo desempenho de funções públicas.

Espera-se que os cidadãos passem das palavras aos actos, ou seja, que deixem de reclamar avulsamente e de generalizar de forma abusiva e passem a exercer o seu direito de voto no sentido de enfraquecer aqueles que estão na política para servir os seus interesses pessoais. Afinal de contas, estes senhores usam e abusam dos poderes públicos porque há quem não sinta qualquer pejo em lhes dar o seu voto, escolhendo-os para seus representantes. Nós cidadãos temos a responsabilidade de procurar legitimar quem anda longe de negócios obscuros e quem pugna pela transparência. A ver vamos como vai ser em Oeiras, depois desta sentença do Tribunal de Sintra.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Direitos e referendo

CDS e Chega defendem a realização de um referendo para decidir a eutanásia, numa manobra táctica, estes partidos procuram, através da consulta directa, aquilo que, por constar nos programas de quase todos os partidos, acabará por ser uma realidade. O referendo a direitos, sobretudo quando existe uma maioria de partidos a defender uma determinada medida, só faz sentido se for olhada sob o prisma da táctica do desespero. Não admira pois que a própria Igreja, muito presa ao seu ideário medieval, seja ela própria apologista da ideia de um referendo. É que desta feita, e através de uma gestão eficaz do medo e da desinformação, pode ser que se chumbe aquilo que está na calha de vir a ser uma realidade. Para além das diferenças entre os vários partidos, a verdade é que parece existir terreno comum entre PS, BE, PSD (com dúvidas) PAN,IL e Joacine Katar Moreira sobre legislar sobre esta matéria. A ideia do referendo serve apenas a estratégia daqueles que, em minoria, apercebendo-se da su...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...