As varias manifestações contra os resultados das eleições ensombrados por suspeitas de irregularidades são sintomáticas de uma vontade de mudança sentida por muitos iranianos, nomeadamente pelos mais jovens. Não se trata apenas de um protesto em consequência da vitória de Ahmadinejad envolta um manto de suspeições, trata-se também de uma manifestação contra o próprio regime dos ayatollahs.
A sociedade iraniana parece ainda assim dividida entre aqueles que querem a continuidade das políticas de confrontação em matéria de política externa de Ahmadinejad e do próprio ayatollahKhamenei e os que estão cansados da retórica de provocação do Presidente iraniano e que pretendem mudanças, muito em particular, mudanças internas. O isolamento virtude, em larga medida, do obstinado desenvolvimento de tecnologia nuclear à revelia da comunidade internacional, os problemas crescentes de uma economia débil, o desemprego, a ideia de um país com vastos recursos energéticos mas que não atinge níveis de desenvolvimento aceitáveis e, para muitos, o cerceamento das liberdades são razões mais do que suficientes para gerar uma onda de descontentamento.
De um modo geral, a sociedade iraniana está dividida entre os que apoiam a retórica de Ahmadinejad apoiada na exultação nacionalista e no combate aos inimigos do Irão - na linha do "pequeno e grande Satã" - e internamente centrada em medidas populistas mas ineficientes para desenvolver o país, e aqueles que pretendem mudanças mais profundas quer no que diz respeito à politica externa quer interna, no sentido de assistir a verdadeiras mudanças nas suas vidas.
A comunidade internacional, designadamente os Estados Unidos e Israel, deve manter uma postura de prudência e até algum afastamento da instabilidade que se vive no Irão. Qualquer postura mais arrojada adoptada por estes países pode ser interpretada como sendo mais uma ingerência, reforçando assim as políticas que têm sido seguidas pelo actual Presidente Ahmadinejad. A mudança de regime é muito ansiada pelos Estados Unidos e por Israel e até por alguns países da região, mas é necessária muita prudência na abordagem que possa fazer ao assunto, sob pena de se reforçar inadvertidamente a mensagem de Ahmadinejad.
Há de todo o modo uma ideia a reter: a procura de liberdade e do bem-estar são realidades universais que não podem ser adiadas indefinidamente. Mesmo em regimes aparentemente consolidados como até certo ponto é o iraniano, a degradação do bem-estar social associado à ausência de liberdade e ao cerceamento da esperança são elementos decisivos para a intensificação do sentimento de mudança. De resto, mesmo que o Irão regresse à estabilidade, o regime não pode ser insensível aos sentimentos e aspirações de muitos iranianos que têm mostrado o seu descontentamento durante estes últimos dias. Arrisco-me aliás a dizer que o Irão dificilmente voltará a ser o mesmo país que era antes destas eleições, isto mesmo que a "Revolução Verde" não tenha, de facto, a força de uma revolução e que um aparente regresso à normalidade venha a concretizar-se. Com efeito, quando muitos arriscam tanto em nome da mudança e da vontade de se ser verdadeiramente livre, nenhum país e nenhum regime podem ficar na mesma.
A sociedade iraniana parece ainda assim dividida entre aqueles que querem a continuidade das políticas de confrontação em matéria de política externa de Ahmadinejad e do próprio ayatollahKhamenei e os que estão cansados da retórica de provocação do Presidente iraniano e que pretendem mudanças, muito em particular, mudanças internas. O isolamento virtude, em larga medida, do obstinado desenvolvimento de tecnologia nuclear à revelia da comunidade internacional, os problemas crescentes de uma economia débil, o desemprego, a ideia de um país com vastos recursos energéticos mas que não atinge níveis de desenvolvimento aceitáveis e, para muitos, o cerceamento das liberdades são razões mais do que suficientes para gerar uma onda de descontentamento.
De um modo geral, a sociedade iraniana está dividida entre os que apoiam a retórica de Ahmadinejad apoiada na exultação nacionalista e no combate aos inimigos do Irão - na linha do "pequeno e grande Satã" - e internamente centrada em medidas populistas mas ineficientes para desenvolver o país, e aqueles que pretendem mudanças mais profundas quer no que diz respeito à politica externa quer interna, no sentido de assistir a verdadeiras mudanças nas suas vidas.
A comunidade internacional, designadamente os Estados Unidos e Israel, deve manter uma postura de prudência e até algum afastamento da instabilidade que se vive no Irão. Qualquer postura mais arrojada adoptada por estes países pode ser interpretada como sendo mais uma ingerência, reforçando assim as políticas que têm sido seguidas pelo actual Presidente Ahmadinejad. A mudança de regime é muito ansiada pelos Estados Unidos e por Israel e até por alguns países da região, mas é necessária muita prudência na abordagem que possa fazer ao assunto, sob pena de se reforçar inadvertidamente a mensagem de Ahmadinejad.
Há de todo o modo uma ideia a reter: a procura de liberdade e do bem-estar são realidades universais que não podem ser adiadas indefinidamente. Mesmo em regimes aparentemente consolidados como até certo ponto é o iraniano, a degradação do bem-estar social associado à ausência de liberdade e ao cerceamento da esperança são elementos decisivos para a intensificação do sentimento de mudança. De resto, mesmo que o Irão regresse à estabilidade, o regime não pode ser insensível aos sentimentos e aspirações de muitos iranianos que têm mostrado o seu descontentamento durante estes últimos dias. Arrisco-me aliás a dizer que o Irão dificilmente voltará a ser o mesmo país que era antes destas eleições, isto mesmo que a "Revolução Verde" não tenha, de facto, a força de uma revolução e que um aparente regresso à normalidade venha a concretizar-se. Com efeito, quando muitos arriscam tanto em nome da mudança e da vontade de se ser verdadeiramente livre, nenhum país e nenhum regime podem ficar na mesma.
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