Avançar para o conteúdo principal

Fonte da Telha símbolo da inércia política

A Fonte da Telha, situada entre os concelhos de Almada e Sesimbra, é um dos expoentes máximos da inércia dos responsáveis políticos, sejam eles locais ou do poder central. A palavra requalificação parece esbarrar na inexorável ausência de visão estratégica e na incapacidade de decisão e coordenação de autarquias e do Estado. O resultado é um dos maiores desperdícios do distrito de Setúbal.
A praia da Fonte da Telha é procurada todos os anos por milhares de turistas que se deparam com a total inexistência de condições e de infraestruturas dignas desse nome. Paralelamente, proliferam as construções ilegais que constituem um verdadeiro atentado ao bom gosto e que provocam um impacto negativo muito relevante; a isto acresce ainda a escassez e falta de qualidade dos acessos à praia que torna uma visita à Fonte da Telha, em pleno Verão, num verdadeiro teste à paciência. Na verdade, os acessos mais não são do que um improviso.
Ora, a Fonte da Telha tem sido um parente pobre das autarquias envolvidas e do próprio Estado. A prova disso é a comparação da Fonte da Telha com a Costa de Caparica que foi alvo de intervenções significativas no âmbito do Programa Pólis. A diferença entre as duas é incomensurável e chocante.
De um modo geral, a Fonte da Telha não é caso único e estas situações são transversais a todo o país. Não deixa porém de ser notável a mais completa ausência de visão estratégica de quem ocupa cargos de decisão politica que mais não faz do que destilar anúncios de planos de ordenamento, mas demora demasiado tempo a chegar à execução desse planos. A Fonte da Telha está teoricamente abrangida pelo Plano de Ordenamento da Orla Costeira Sintra/Sado que contempla a demolição de habitações ilegais e o melhoramento geral da zona. Não perceber a potencialidade turística de zonas como a Fonte da Telha é demasiado grave até para os responsáveis políticos em questão. Talvez a permanência excessiva à frente dos destinos das autarquias seja, de facto, contraproducente.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Direitos e referendo

CDS e Chega defendem a realização de um referendo para decidir a eutanásia, numa manobra táctica, estes partidos procuram, através da consulta directa, aquilo que, por constar nos programas de quase todos os partidos, acabará por ser uma realidade. O referendo a direitos, sobretudo quando existe uma maioria de partidos a defender uma determinada medida, só faz sentido se for olhada sob o prisma da táctica do desespero. Não admira pois que a própria Igreja, muito presa ao seu ideário medieval, seja ela própria apologista da ideia de um referendo. É que desta feita, e através de uma gestão eficaz do medo e da desinformação, pode ser que se chumbe aquilo que está na calha de vir a ser uma realidade. Para além das diferenças entre os vários partidos, a verdade é que parece existir terreno comum entre PS, BE, PSD (com dúvidas) PAN,IL e Joacine Katar Moreira sobre legislar sobre esta matéria. A ideia do referendo serve apenas a estratégia daqueles que, em minoria, apercebendo-se da su...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...