Avançar para o conteúdo principal

Fonte da Telha símbolo da inércia política

A Fonte da Telha, situada entre os concelhos de Almada e Sesimbra, é um dos expoentes máximos da inércia dos responsáveis políticos, sejam eles locais ou do poder central. A palavra requalificação parece esbarrar na inexorável ausência de visão estratégica e na incapacidade de decisão e coordenação de autarquias e do Estado. O resultado é um dos maiores desperdícios do distrito de Setúbal.
A praia da Fonte da Telha é procurada todos os anos por milhares de turistas que se deparam com a total inexistência de condições e de infraestruturas dignas desse nome. Paralelamente, proliferam as construções ilegais que constituem um verdadeiro atentado ao bom gosto e que provocam um impacto negativo muito relevante; a isto acresce ainda a escassez e falta de qualidade dos acessos à praia que torna uma visita à Fonte da Telha, em pleno Verão, num verdadeiro teste à paciência. Na verdade, os acessos mais não são do que um improviso.
Ora, a Fonte da Telha tem sido um parente pobre das autarquias envolvidas e do próprio Estado. A prova disso é a comparação da Fonte da Telha com a Costa de Caparica que foi alvo de intervenções significativas no âmbito do Programa Pólis. A diferença entre as duas é incomensurável e chocante.
De um modo geral, a Fonte da Telha não é caso único e estas situações são transversais a todo o país. Não deixa porém de ser notável a mais completa ausência de visão estratégica de quem ocupa cargos de decisão politica que mais não faz do que destilar anúncios de planos de ordenamento, mas demora demasiado tempo a chegar à execução desse planos. A Fonte da Telha está teoricamente abrangida pelo Plano de Ordenamento da Orla Costeira Sintra/Sado que contempla a demolição de habitações ilegais e o melhoramento geral da zona. Não perceber a potencialidade turística de zonas como a Fonte da Telha é demasiado grave até para os responsáveis políticos em questão. Talvez a permanência excessiva à frente dos destinos das autarquias seja, de facto, contraproducente.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Saídas para os impasses

As últimas semanas têm sido pródigas na divulgação de escândalos envolvendo o primeiro-ministro e as suas obrigações com a Segurança Social e com o Fisco. Percebe-se que os princípios éticos associados ao desempenho de funções políticas são absolutamente ignorados por quem está à frente dos destinos do país - não esquecer que o primeiro-ministro já havia sido deputado antes de se esquecer de pagar as contribuições à Segurança Social. A demissão está fora de questão até porque o afastamento do cargo implica, por parte do próprio, um conjunto de princípios que pessoas como Passos Coelho simplesmente não possuem. A oposição, a poucos meses de eleições, parece preferir que o primeiro-ministro coza em lume brando. E com tanta trapalhada insistimos em não discutir possíveis caminhos e saídas para os impasses com que o país se depara. Governo e oposição (sobretudo o Partido Socialista) agem como se não tivessem de possuir um único pensamento político. Assim, continuamos sem saber o que...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...