Avançar para o conteúdo principal

Desorientação no PS

Os resultados das eleições para o Parlamento europeu deixou o PS num estado de manifesta desorientação. A confusão do primeiro-ministro entre maioria absoluta e maioria parlamentar é sintomática do estado de desorientação que está a abalar o Partido Socialista. Tudo se torna mais grave quando essa desorientação parte do líder do partido, o mesmo líder que até umas semanas atrás não dava sinais de fraqueza, preferindo brindar os portugueses com a propaganda mais bacoca alternada com manifestações de irascibilidade e arrogância, mas mantendo imaculada a sua imagem de modernidade.

A desorientação do PS foi, desde logo, notória na noite das eleições europeias. Nessa noite, primeiro-ministro não conseguiu esconder o semblante carregado, e os restantes membros do Governo foram incapazes de esconder a sua verdadeira natureza que a derrota tornou visível. A ministra da Educação foi aliás peremptória na manifestação de mau perder quando exigiu que os jornalistas a deixassem passar, utilizando um tom de voz mais comum em locais como a lota de Setúbal.

Mas quando o próprio líder perde o sentido de orientação e mostra uma faceta até então desconhecida, o caso passa então a ser preocupante. José Sócrates já nem sabe se há-de pedir maioria absoluta ou não, ou se sabe, mete os pés pelas mãos quando pretende explicar as suas intenções e do partido. Sócrates sabe que já não tem muito tempo para recuperar caminho perdido e acalentar a esperança de conseguir a maioria absoluta - precisava de tempo para reorganizar a sua estratégia.

As próximas semanas vão ser decisivas para as aspirações do primeiro-ministro e do seu partido. José Sócrates, que diz que vai manter o rumo da governação, não pode deixar de passar a imagem que o mostra como um primeiro-ministro resoluto no processo de tomada de decisão e capaz de agir como um líder - as indecisões e as indefinições ser-lhe-ão fatais.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Direitos e referendo

CDS e Chega defendem a realização de um referendo para decidir a eutanásia, numa manobra táctica, estes partidos procuram, através da consulta directa, aquilo que, por constar nos programas de quase todos os partidos, acabará por ser uma realidade. O referendo a direitos, sobretudo quando existe uma maioria de partidos a defender uma determinada medida, só faz sentido se for olhada sob o prisma da táctica do desespero. Não admira pois que a própria Igreja, muito presa ao seu ideário medieval, seja ela própria apologista da ideia de um referendo. É que desta feita, e através de uma gestão eficaz do medo e da desinformação, pode ser que se chumbe aquilo que está na calha de vir a ser uma realidade. Para além das diferenças entre os vários partidos, a verdade é que parece existir terreno comum entre PS, BE, PSD (com dúvidas) PAN,IL e Joacine Katar Moreira sobre legislar sobre esta matéria. A ideia do referendo serve apenas a estratégia daqueles que, em minoria, apercebendo-se da su...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...