Avançar para o conteúdo principal

Instabilidade na Tailândia

A Tailândia vive um período de acentuada instabilidade política que tem resvalado para a intensificação das manifestações nas ruas do país. Recorde-se que o afastamento do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, longe do poder desde o golpe de 2006 e, pese embora o vasto rol de acusações de corrupção que recaem sobre o mesmo, tem levado milhares dos seus apoiantes às ruas - os chamados "camisas vermelhas". O actual primeiro-ministro tailandês, Abhisit Vejjajiva, pró-monárquico, que é acusado de ser um instrumento do exercito tem sido o alvo da ira dos manifestantes que pedem ostensivamente a sua imediata demissão. Some-se a isto a queda do Governo próximo do ex-primeiro-ministro Thaksin e as alegadas irregularidades eleitorais de Dezembro passado e a instabilidade está definitivamente instalada neste país asiático. Thaksin Shinawatra, exilado no estrangeiro, tem incitado os seus apoiantes à revolta, contribuindo assim para um agravamento das manifestações que não raras vezes acabam mesmo em violência.

A instabilidade que tomou conta da Tailândia acaba invariavelmente por contribuir para o deterioramento de uma economia já por si fragilizada. O turismo é central para a economia do país e os tumultos que assolam a Tailândia não contribuem seguramente para o incremento do número de turistas. O turismo poderá, pois, ser uma das grandes vitimas da instabilidade que se está a tomar conta da Tailândia. Por outro lado, a ausência de estabilidade e uma situação próxima do caos afasta inexoravelmente o investimento, em particular o investimento estrangeiro que, como se sabe, não se coaduna com revoltas nem com uma visível instabilidade política.

De um modo geral, a conjuntura de crise internacional é mais um elemento que contribui para o aumento da insatisfação. Relembre-se também que a economia tailandesa tem vindo a atravessar períodos de alguma fragilidade que será inevitavelmente agravada com os efeitos da crise internacional. Nestas circunstâncias, a ausência de soluções políticas permanentes e estáveis e a insatisfação nas ruas está a arruinar o que resta da economia tailandesa, pondo igualmente em causa a imagem do país no exterior. Foi precisamente o que aconteceu com a impossibilidade de se realizar a cimeira internacional que teve de ser adiada e cujos participantes tiveram de ser retirados, depois dos manifestantes terem invadido o centro de congressos da estância onde deveria ter tido lugar a cimeira. A impossibilidade de se realizar a cimeira e forma como vários líderes internacionais tiveram que ser retirados, constituiu uma enorme humilhação para o Governo tailandês e é sintomático da total incapacidade do Executivo de Abhisit Vejjajiva de manter a ordem.

Notícia in Público online: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1373954&idCanal=11

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Saídas para os impasses

As últimas semanas têm sido pródigas na divulgação de escândalos envolvendo o primeiro-ministro e as suas obrigações com a Segurança Social e com o Fisco. Percebe-se que os princípios éticos associados ao desempenho de funções políticas são absolutamente ignorados por quem está à frente dos destinos do país - não esquecer que o primeiro-ministro já havia sido deputado antes de se esquecer de pagar as contribuições à Segurança Social. A demissão está fora de questão até porque o afastamento do cargo implica, por parte do próprio, um conjunto de princípios que pessoas como Passos Coelho simplesmente não possuem. A oposição, a poucos meses de eleições, parece preferir que o primeiro-ministro coza em lume brando. E com tanta trapalhada insistimos em não discutir possíveis caminhos e saídas para os impasses com que o país se depara. Governo e oposição (sobretudo o Partido Socialista) agem como se não tivessem de possuir um único pensamento político. Assim, continuamos sem saber o que...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...