Avançar para o conteúdo principal

Afeganistão e as mulheres…

… Ou o inferno na terra. A prova desse inferno para as mulheres está na lei que legaliza as violações das mulheres, ou seja, doravante o Afeganistão legaliza as violações de mulheres às mãos dos seus próprios maridos que têm o direito de usufruir do corpo das suas mulheres, nem que para isso tenham de forçá-las.

Esta lei é apenas mais um sinal inequívoco de um país medieval que vive refém dos condicionalismos tribais e do radicalismo islâmico e que tem pelas suas mulheres o desprezo mais abjecto. A lei que permite que as mulheres sejam violadas pelos próprios maridos afecta a comunidade xiita, minoritária no país. Ainda assim, a violência que é permitida por lei contra as mulheres é simplesmente ignominiosa.

Aquando da intervenção militar americana no Afeganistão, muitos estavam convencidos que a liberdade passaria a ser uma realidade, agora que os americanos acabarem com a ameaça talibã. Recorde-se que as mulheres afegãs foram as principais vítimas do regime talibã – quase proibidas de terem existência própria, as mulheres afegãs foram afastadas da educação, de cuidados de saúde básicos, e essencialmente foram afastadas da dignidade e do respeito que são elementos inalienáveis de qualquer ser humano.

Infelizmente, a ameaça talibã não desapareceu e os senhores da guerra e líderes não são propriamente uma evolução. O medo e a repressão têm vindo a regressar. Assim, a burkha voltou a fazer parte da indumentária das mulheres afegãs e as raparigas são amiúde alvo de repressão só pelo simples facto de frequentarem as escolas, por exemplo.

A presença militar dos Estados Unidos e de outras forças militares no Afeganistão é fortemente contestada por muitos que, na Europa ou nos Estados Unidos contemplam o mundo de uma forma moldada pelo seu ódio pelos Estados Unidos. Pouco adiantará explicar que o radicalismo dos Talibãs e a sua relação com grupos terroristas foi determinante para o 11 de Setembro e poderá sê-lo no futuro. Pouco adiantará explicar que foi neste país que foi feita a doutrinação, a par do Paquistão, e o treino de terroristas e que se nada for feito para restabelecer a estabilidade e eliminar a existência dos Talibãs que tudo poderá a ser como foi no passado. Em suma, pouco importa a estes arautos da esquerda radical que o Afeganistão foi um dos principais palcos do terrorismo e que se nada se fizer, voltará a ser um dos principais palcos do terrorismo.

Por outro lado, é essa mesma esquerda que tanto luta, nos seus países, pela igualdade entre homens e mulheres e contra a discriminação das mulheres, refugia-se num silêncio humilhante quando se impõe uma reflexão sobre a condição das mulheres em países como o Afeganistão. Ao invés preferem atacar os EUA com as suas críticas inflamadas. Esquecem-se, porém, que se não fosse a presença americana na região, este país estaria novamente nas mãos dos Talibãs e que a vida dos afegãos, designadamente das mulheres do Afeganistão, seria muito pior do já é. Por muito difícil que isso seja de imaginar.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecência...