Avançar para o conteúdo principal

Tibete - 50 anos

Há quem celebre os 50 anos da revolta do Tibete e quem celebre os 50 anos da reforma democrática do Tibete. Estas celebrações tão dispares são sintomáticas de um problema que vai muito para além da semântica. Para a generalidade dos Tibetanos, passaram justamente 50 anos da revolta do seu povo, 50 anos que vivem sob o jugo chinês, 50 anos que o dalai lama se viu forçado ao exílio. Para o regime chinês, estes últimos 50 anos representam uma evolução sem precedentes para o povo do Tibete. O regime chinês propagandeia a existência de um povo feudal e servil que conheceu o caminho do desenvolvimento graças à intervenção chinesa.

Pelo caminho ficam os 50 anos de revolta de um povo que não quer viver sob o jugo chinês - 50 anos de um povo diferente, quer do ponto de vista étnico, quer do ponto de vista cultural, do povo chinês. Estes 50 anos de revolta tibetana e de exílio do Dalai lama contaram também com a conivência e cobardia da comunidade internacional. E os próximos anos, sejam eles quantos forem, vão também ser marcados por um silêncio cobarde da comunidade internacional. Afinal de contas, a China é um colosso e poucos ousarão fazer-lhe frente. De resto, o nosso governo optou por nem sequer receber o dalai lama, mostrando assim a sua falta de verticalidade.

Estes são os 50 anos da revolta tibetana e o do exílio do dalai lama. A data não será merecedora de grande destaque na maior parte da imprensa internacional e se o for, o Governo chinês encarregar-se-á de dar uma nova roupagem à história dos 50 anos da revolta do povo do Tibete. A palavra de ordem será certamente "progresso" e os chineses surgirão ao mundo como libertadores do Tibete. Se o ridículo matasse...


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...