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Assassinato de Nino Vieira

A Guiné-Bissau vive tempos conturbados depois da morte, hoje, do seu Presidente Nino Vieira. O Presidente foi assassinado, ao que tudo indica como resposta ao assassinato do general Tagme Na Waie. Nino Vieira que, em 1980 chegou ao poder, através de um golpe militar e que não se coibiu de coarctar a oposição, era, apesar de tudo, o Presidente eleito da Guiné-Bissau. A sua morte vai seguramente trazer forte instabilidade a um país com um longo historial de instabilidade.
Embora os militares tenham já afirmado que o poder vai ficar nas mãos dos políticos e não dos militares, até porque, segundo os mesmos, não se trata de um golpe de Estado, a situação no país é complicada. Tudo parece indicar que se tratou de uma espécie de ajuste de contas. O problema da Guiné-Bissau a as recorrentes crises em que este país cai não são particularmente diferentes daquilo que acontece em grande parte do continente Africano. As questões étnicas estão sempre subjacentes aos períodos de instabilidade e este é, de facto, um problema transversal ao continente africano. Aliás, o Presidente Nino Vieira e o general Tagme Na Waie pertenciam a etnias diferentes, sendo que umas procuram subjugar as restantes.
Os próximos dias darão bons indicadores do que o futuro reserva para esta antiga colónia portuguesa. O regresso à normalidade é um cenário pouco plausível . E mesmo que se o poder continue nas mãos dos políticos, nada garante que o país possa regressar a um período de relativa acalmia. De um modo geral, o que aconteceu hoje na Guiné-Bissau é grave: o Presidente que venceu as últimas eleições foi assassinado e o peso dos militares na vida do país é manifestamente excessivo como a actual situação evidencia.

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