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A exasperação do primeiro-ministro

O debate quinzenal na Assembleia da República ficou marcado pela exasperação do primeiro-ministro a propósito de uma pergunta colocada por Paulo Rangel, líder da bancada social democrata. A pergunta estava relacionada com o papel dos serviços de informação nas investigações criminais. O deputado Paulo Rangel pedia assim garantias ao primeiro-ministro que os serviços de informação não estariam a condicionar as investigações. O primeiro-ministro relacionou a pergunta com o caso Freeport, e não escondeu a sua exaltação.

Ora, é lamentável que a Assembleia da República seja palco de cenas tristes como aquelas que as televisões mostraram. A generalidade dos deputados passa mais tempo a defender os interesses do partido ou a integridade do chefe do que a servir o país. Sabemos bem que todas as generalizações são abusivas. Mas são os próprios deputados a contribuirem para a degradação da imagem do Parlamento.

O tempo que ontem se perdeu com minudências e estados de alma, quando se vive uma crise que resulta em despedimentos em catadupa. E é precisamente graças ao enfraquecimento dos Estados e à degradação da classe política que a crise eclodiu. Ao contrario de Portugal, outros países conseguem encontrar lideranças capazes de proporcionar possíveis soluções. Aqui passamos parte do tempo a ouvir inanidades e outra parte a assistir à exasperação do primeiro-ministro e do seu séquito.

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