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O flagelo do desemprego

As previsão da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre o desemprego são assustadoras. Segundo a OIT dezenas de milhões de pessoas podem vir a perder os seus empregos. Os números revelam a pior face de uma crise desencadeada pela ganância e pelo mais inexorável despudor. Dificilmente a ameaça de desemprego que a OIT refere não se concretizará.

Já muito se disse e escreveu sobre a crise, sobre as causas da crise e sobre das suas eventuais consequências. Todavia, quando uma organização internacional faz previsões de desemprego em massa, o assunto merece todo o destaque possível. Com o desemprego virão outros problemas, designadamente problemas de coesão social que, em última instância, põe em causa a organização e estrutura das sociedades ocidentais.

Os planos dos vários governos de combate à crise incluem estratégias de contenção do desemprego e de criação de novo emprego. Infelizmente, esses planos correm o sério risco de serem insuficientes. A crise que começou no sector financeiro alastrou-se rapidamente às economias reais. As empresas têm manifestas dificuldades em sobreviver num contexto de retracção do consumo e de dificuldades no acesso ao crédito. O desemprego não é apenas um drama social e vai dar um forte contributo para aumentar as dificuldades das economias.

Com efeito, o desemprego e as incertezas em redor da manutenção do emprego forçam as pessoas a serem consumidores menos activos. As consequências são evidentes para as empresas.

Hoje, a principal dificuldade prende-se com a necessidade das economias procederem a determinados ajustes e encetarem as necessárias mudanças. Dificilmente o mundo ocidental poderá continuar dependente do crédito como até ao ano passado era a norma ou a viver na mais incrível artificialidade. Essas mudanças terão de chegar. Entretanto, milhões de pessoas poderão perder os empregos e a precariedade vai instalar-se de vez. Essa situação terá efeitos práticos e potencialmente perigosos. Já existem focos de descontentamento um pouco por toda a Europa que poderão recrudescer se as previsões da OIT vierem a concretizar-se.

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