Avançar para o conteúdo principal

Cessar-fogo na Faixa de Gaza

Começa a ser visível um maior número de sinais de um possível cessar-fogo em Gaza. Depois de intensas movimentações no sentido de se chegar a um acordo entre ambas as partes, agora foi a vez do primeiro-ministro israelita falar da proximidade de um cessar-fogo, ressalvando, porém, a necessidade do Hamas colaborar.

Estes sinais são positivos, embora ontem o Hamas tenha registado mais uma baixa de peso - o ministo do interior morreu na sequência de uma raide israelita. A guerra, para muitos desproporcionada, que põe frente-a-frente o movimento radical Hamas e o Estado israelita, não é sustentável durante muito mais tempo. De um modo geral, o povo palestiniano que se encontra em Gaza não tem qualquer hipótese de sobreviver a uma guerra duradoura, em particular quando até as ajudas humanitárias são destruídas pelos raides israelitas. Esta é uma evidência, independentemente do lado que eventualmente se possa escolher para defender.

Outro facto não menos evidente prende-se com a natureza do movimento fundamentalista Hamas e com as suas acções. Uma das condições exigidas por Israel passa pelo desarmamento do Hamas e pelo combate ao tráfico de armas. Com efeito, o Hamas tem funcionado mais como um óbice à paz e à indissociável criação de um Estado palestiniano do que o inverso. Por muito que este movimento terrorista apela a algumas almas da esquerda na Europa, a verdade é que a recusa em aceitar a existência de um Estado israelita a par dos sucessivos ataques ao território hebraico, já para não falar da utilização de instrumentos terroristas, inviabilizam qualquer tentativa no sentido de se alcançar a paz.

Por outro lado, também se pode afirmar que Israel deve regressar às fronteiras de 1967 e deve abandonar por completo os territórios ocupados. É, de facto, essencial que, para a criação de um Estado palestiniano, Israel abandone os territórios palestinianos, encetando esforços para regressar às fronteiras de 1967. Todavia, tudo isto torna-se impossível quando existem movimentos radicais que insistem em rejeitar a existência do Estado vizinho, lutando através do terrorismo.

Muitos dirão que Israel pratica aquilo que se designa (entre alguns meios) por terrorismo de Estado. Ora, o Estado israelita tem cometido erros crassos, cujas consequências são onerosas para o povo palestiniano. O que, no entanto, é esquecido está relacionado com as acções deliberadamente terroristas de movimentos radicais como o Hamas que visa o povo israelita e os efeitos negativos e onerosos de acções, nem sempre bem fundamentadas, mas ainda assim com o objectivo de atingir o Hamas e não o povo palestiniano. Dito isto, haverá ainda assim que defenda que Israel visa propositadamente o povo palestiniano e que esta guerra põe isso em evidência.

De qualquer forma, a boa notícia é que, aparentemente, se está a caminhar para um cessar-fogo. Embora tenha dúvidas de que esse cessar-fogo possa ser efectivo e duradouro. Depois da manifestação de força do exercito israelita em Gaza e do consequente enfraquecimento do Hamas, impõe-se agora um conjunto de intervenções que permitam a povo palestiniano viver com o mínimo de estabilidade: para isso as armas têm de ser silenciadas e o bloqueio que mina qualquer qualidade de vida do povo em Gaza deve ser levantado. Talvez esta também seja uma forma de se enfraquecer movimentos que fazem a apologia do terrorismo e que fomentam o ódio como é o caso.
O Público online dá-nos conta das declarações do secretário-geral das Nações Unidas que apontam precisamente para a eminência de um cessar-fogo: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1356350&idCanal=11

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa