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Regresso à instabilidade no Médio Oriente

Sendo verdade que a instabilidade é uma constante no Médio Oriente, em particular em Israel e nos territórios ocupados, a situação na Faixa de Gaza dá um novo significado a essa instabilidade. Não se pode excluir também algum efeito de contágio à Cisjordânia. Além disso, não parece haver intenção quer por parte de Israel, quer por parte do Hamas, de cessarem as hostilidades. O número de mortos e de feridos é que não para de aumentar. O regresso a um cessar fogo parece agora pouco plausível.

Uma das consequências da ofensiva israelita na Faixa de Gaza é o extremar de posições até mesmo dos mais moderados. Aliás, já há indícios de problemas na Cisjordânia. A própria Autoridade Palestiniana vai ter dificuldades a Cisjordânia à parte do que se está a passar na Faixa de Gaza. A possibilidade de uma maior união entre Hamas e Autoridade Palestiniana é considerável - o que vai criar novos problemas a Israel que tinha em Mahmoud Abbas alguém com quem era possível encetar negociações.

O cenário para esta região do Médio Oriente é manifestamente sombrio. A retaliação de Israel às ostensivas provocações do Hamas dificilmente poderia ter uma resposta muito diferente daquela que acabou por ser adoptada. Todavia, as consequências dessa resposta não serão seguramente as melhores. Está também na altura da comunidade internacional procurar um maior envolvimento. O possível regresso de uma nova Intifada contrasta brutalmente com quaisquer expectativas que se poderia ter das tão necessárias negociações de paz.

De uma coisa podemos estar certos: Israel dificilmente negociará com quem faz a apologia do terrorismo, com quem pugna pela destruição do Estado israelita, com tem relações tão estreitas com o Irão. Nestas condições, qualquer cenário de paz é inexequível.

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