A frase em epígrafe ilustra bem as intenções do Governo português face à inevitabilidade do encerramento do campo de prisioneiros Guantánamo. Os presos detidos em Guantánamo são, na sua maioria, presos ilegais e essa razão é mais do que suficiente para Portugal não fazer a oferta que agora foi feita. Afinal de contas, parece haver aqui laivos de cumplicidade com as trapalhadas americanas, e Guantánamo foi seguramente uma das maiores trapalhadas da Administração Bush. E essa cumplicidade existe a nível europeu.Não deixa também de ser irónico que o mesmo Governo que sempre se refugiou no silêncio quanto às políticas da Administração Bush, e precisamente sobre Guantánamo, seja agora o mesmo a ser pioneiro em mostrar disponibilidade para receber estes presos. Um dos argumentos que sustenta a ideia de receber os detidos em Guantánamo prende-se com a impossibilidade de os mesmos regressarem aos seus países de origem. Mas mesmo nessas circunstâncias, Portugal não deve receber presos que foram detidos ilegalmente. Aliás, o problema deve ser resolvido por quem o criou, com a cooperação de outros países, mas não a este nível. A Administração Bush deve ser responsabilizada. E se os membros da Administração Bush foram tão lestos a criar um campo de prisioneiros à revelia dos direitos humanos, também o deveriam ser quanto ao seu encerramento e ao destino dos presos.Portugal pode cooperar na procura de uma solução para Guantánamo, mas a proposta do Governo português foi, no mínimo, extemporânea. O Governo pode e deve mostrar disponbilidade para cooperar com o novo Presidente americano, Barack Obama, mas receber presos que foram detidos ilegalmente e que mantidos presos à margem da lei, parece-me ser uma decisão manifestamente errada.
O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...
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