Avançar para o conteúdo principal

A força do PC

Realizou-se, no passado fim-de-semana, o congresso do PCP. Com efeito, não são só as sondagens que nos mostram um PCP mais forte do que aquilo a que nos tinha habituado nos últimos anos. De facto, o congresso deste fim-de-semana mostrou um partido em crescimento. De qualquer forma, cresce o PCP como tem crescido o Bloco de Esquerda, acompanhando o descontentamento dos cidadãos e o descrédito em alguma classe política, designadamente do PSD e do PS.
O congresso do partido mostrou também um PCP um pouco diferente do costume. O PCP deste congresso sublinhou a sua marca ideológica, deixando antever algum contentamento mal disfarçado com os males do capitalismo. Não deixa, porém, de ser curioso ver um partido ideologicamente falido regojizar-se com a suposta falência do actual modelo económico.
O PCP está mais forte porque cresceu em intenções de voto, mas também porque depois de décadas de frustrações e desilusões vê uma luzinha ao fundo do túnel - a possibilidade do capitalismo se destruir, uma espécie de autofagia. Esta "profecia" de Marx corresponde também a um dos principais anseios dos comunistas. De resto, são vísiveis os sinais de contentamento de quem anda há decadas à espera de um momento como este que agora estamos a viver. Esquecem-se, contudo, que a possibilidade do capitalismo regenerar-se é imensa e que muitos poucos estariam interessados em regressar a um modelo marxista-leninista.
De um modo geral, o PCP vai alimentando a ilusão que pode crescer mais. Do meu ponto de vista, será muito difícil assistir a esse crescimento. O PCP terá de dividir os dividendos do descontentamento com o Bloco de Esquerda e com outros movimentos da Esquerda. Nem tão-pouco é por acaso que o Partido Comunista elegeu o Bloco de Esquerda e até Manuel Alegre como inimigos que desvirtuam uma certa esquerda. E por outro lado, esta crise que atravessamos dificilmente será o último estertor do capitalismo. Resta ao PCP aproveitar o bom momento que atravessa, esquecendo o carácter efémero do mesmo.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa