Avançar para o conteúdo principal

Aumento da insegurança

Este ano tem sido marcado pelo aumento da sensação de insegurança, mesmo que as estatísticas indiquem um aumento insípido da criminalidade. Em traços gerais, surgiram, nos últimos meses, novo tipos de criminalidade, a maior parte dela violenta. Já não se trata de um qualquer empolamento levado a cabo pela comunicação social, mas antes uma realidade nova com a qual o país não está habituado a lidar.
O aumento da insegurança terá, seguramente, custos políticos para o Governo que se mostra incapaz de fazer face ao surgimento de uma criminalidade violenta. A ideia com que se fica é a de que o Governo não tem capacidade de lidar com o problema. Não chega reiterar o apoio dado às polícias, nem mesmo um reforço policial será suficiente, embora a criação de unidades especiais com capacidade para lidar com criminalidade violenta seja de uma enorme proficuidade. É fundamental rever-se toda a panóplia de leis, algumas delas alteradas recentemente, que estão repletas de contradições e que permitem que cresça entre nós o sentimento de impunidade que impulsiona os criminosos. Além disso, a morosidade da justiça é um entrave ao combate à criminalidade.
As recentes alterações ao Código do Processo Penal estão ou não por detrás da onda de criminalidade que assola o país? Os representantes dos magistrados afirmam que sim, e o Governo e o PSD, que têm para dizer? Para se combater esta onda de criminalidade é fundamental perceber o que poderá estar na sua origem. Fica, de qualquer modo, a sensação de que o sentimento de impunidade consequência de leis ineficazes e perdulárias poderá ser o principal impulsionador de quem envereda pelo caminho do crime.
Seja como for, o Governo terá enormes dificuldades em fazer face ao aumento da criminalidade e do sentimento de insegurança dos cidadãos. É curioso relembrar os tiques de autoritarismo que membros do Governo, em particular o primeiro-ministro, manifestavam em relação a funcionários públicos, e agora a pusilanimidade demonstrada pelo mesmo Governo no que toca a lidar com a criminalidade. Mas tudo isto terá certamente custos políticos. Esperemos que sim. É lamentável estarmos paulatinamente a perder um dos poucos indicadores positivos que nos destacavam dos outros países: a segurança.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma