Depois do “não” irlandês, surge agora o Presidente polaco a afirmar que o seu país não vai ratificar o Tratado de Lisboa. Se assim for, o Tratado está, de facto, moribundo. A recusa do povo irlandês em aceitar o Tratado de Lisboa é, por si só, um problema cuja resolução não é evidente, nem pode passar pela ostracização da Irlanda. Ora, se a Polónia não ratificar o Tratado por não acreditar na viabilidade do mesmo, talvez esteja na altura dos líderes europeus envidarem esforços no sentido de entender o porquê de mais este fracasso, procurando caminhos alternativos aos que têm sido preconizados até agora.
Com efeito, a construção europeia não pode continuar a ser feita à revelia dos cidadãos. Este é, porventura, o maior óbice da UE. Infelizmente, os líderes europeus e os tecnocratas de Bruxelas acreditam piamente que a UE tal como está tem futuro, embora seja evidente que não tem. A incapacidade de se retirar lições da recusa irlandesa ao Tratado é só mais um sinal da cegueira dos dirigentes europeus.
O chumbo francês e holandês ao malogrado Tratado Constitucional; as similitudes entre o falhado Tratado Constitucional e o Tratado de Lisboa; o processo de negociação e a forma de ratificação escolhida pela esmagadora maioria dos Estados-membros da UE, são factores que indiciam o desprezo que a UE manifesta relativamente aos seus cidadãos, e o resultado é claramente o afastamento destes em relação às instituições comunitárias e a desconfiança generalizada relativamente a tudo o que emane de Bruxelas.
Outro factor de afastamento dos cidadãos em relação à UE prende-se com a má publicidade que recai sobre a União Europeia. Na verdade, é evidente que não existe boa publicidade sobre a UE, em particular nos últimos anos. A boa publicidade que ainda pode eventualmente existir é profusa em países recém-entrados para a União, e que ainda beneficiam largamente dos fundos comunitários. Todavia, a responsabilidade da tal má publicidade não é culpa exclusiva dos dirigentes comunitários; os políticos nacionais têm prestado um péssimo serviço ao desígnio europeu sempre que utilizam a UE como razão para justificar tudo o que é negativo.
Um outro factor de alienação dos cidadãos está relacionado com a anódina preocupação europeia com as questões sociais. De um modo geral, os responsáveis políticos da UE manifestam interesse por questões económico-monetárias, mas mostram simultaneamente um desprezo inadmissível pelas preocupações sociais dos cidadãos. O desemprego, a precariedade do emprego, o surgimento de novas formas de pobreza e a incerteza relativamente ao futuro não conhecem resposta por parte da UE. Insiste-se no esgotamento do modelo social europeu tal como o conhecemos, mas raras vezes assistimos à discussão de alternativas e de ajustamentos.
Em súmula, a equação é simples: se a Europa continuar a subestimar os seus cidadãos, mostrando indiferença em relação à participação e às preocupações dos mesmos, enveredando amiúde por caminhos de dissimulação, o insucesso desta construção europeia será uma realidade insofismável. Nestas condições, não admira pois que a Polónia venha agora manifestar a sua relutância em continuar num processo manifestamente falhado.
Com efeito, a construção europeia não pode continuar a ser feita à revelia dos cidadãos. Este é, porventura, o maior óbice da UE. Infelizmente, os líderes europeus e os tecnocratas de Bruxelas acreditam piamente que a UE tal como está tem futuro, embora seja evidente que não tem. A incapacidade de se retirar lições da recusa irlandesa ao Tratado é só mais um sinal da cegueira dos dirigentes europeus.
O chumbo francês e holandês ao malogrado Tratado Constitucional; as similitudes entre o falhado Tratado Constitucional e o Tratado de Lisboa; o processo de negociação e a forma de ratificação escolhida pela esmagadora maioria dos Estados-membros da UE, são factores que indiciam o desprezo que a UE manifesta relativamente aos seus cidadãos, e o resultado é claramente o afastamento destes em relação às instituições comunitárias e a desconfiança generalizada relativamente a tudo o que emane de Bruxelas.
Outro factor de afastamento dos cidadãos em relação à UE prende-se com a má publicidade que recai sobre a União Europeia. Na verdade, é evidente que não existe boa publicidade sobre a UE, em particular nos últimos anos. A boa publicidade que ainda pode eventualmente existir é profusa em países recém-entrados para a União, e que ainda beneficiam largamente dos fundos comunitários. Todavia, a responsabilidade da tal má publicidade não é culpa exclusiva dos dirigentes comunitários; os políticos nacionais têm prestado um péssimo serviço ao desígnio europeu sempre que utilizam a UE como razão para justificar tudo o que é negativo.
Um outro factor de alienação dos cidadãos está relacionado com a anódina preocupação europeia com as questões sociais. De um modo geral, os responsáveis políticos da UE manifestam interesse por questões económico-monetárias, mas mostram simultaneamente um desprezo inadmissível pelas preocupações sociais dos cidadãos. O desemprego, a precariedade do emprego, o surgimento de novas formas de pobreza e a incerteza relativamente ao futuro não conhecem resposta por parte da UE. Insiste-se no esgotamento do modelo social europeu tal como o conhecemos, mas raras vezes assistimos à discussão de alternativas e de ajustamentos.
Em súmula, a equação é simples: se a Europa continuar a subestimar os seus cidadãos, mostrando indiferença em relação à participação e às preocupações dos mesmos, enveredando amiúde por caminhos de dissimulação, o insucesso desta construção europeia será uma realidade insofismável. Nestas condições, não admira pois que a Polónia venha agora manifestar a sua relutância em continuar num processo manifestamente falhado.
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