As reacções às palavras de Bob Geldof sobre Angola, não se fizeram esperar. Primeiro foi o BES, tentando evitar os efeitos colaterais que as palavras de Geldof poderão causar; afinal, Geldof foi convidado para estar no seminário sobre desenvolvimento sustentável, e o BES era o principal patrocinador. Os interesses económicos aliados à fama do Governo angolano insistir em responder na mesma moeda, terão condicionado a reacção do BES, que num registo próximo da pusilanimidade, optou por se demarcar totalmente das declarações de Bob Geldof. Ora, é assim que o mundo dos negócios funciona, e nesta equação não entra, naturalmente, a questão dos direitos humanos ou da corrupção, ou mesmo do desvio de fundos.
O Governo angolano, por sua, vez utiliza um registo que aparentemente pretende ser sarcástico e acrimonioso, mas que resvala para a mais evidente puerilidade. Rejeitam o epíteto de “criminoso” e defendem a honra do regime. Fica por explicar os baixos índices de desenvolvimento e elevados índices de pobreza. De resto, o Governo angolano vangloria-se com o seu acelerado crescimento, chegando mesmo a falar em “inveja”, mas ficam por explicar as diferenças colossais entre uma minoria muito rica e uma vasta maioria pobre; ficam por explicar as inúmeras acusações de corrupção e desvio de fundos; fica por explicar o que se passa realmente em Cabinda; fica por explicar como é que um regime que celebra o acelerado crescimento da sua economia, não esclarece como é que é possível o povo viver na mais abjecta pobreza, volvidos seis anos do fim da guerra que servia como desculpa para essa pobreza.
Muitos acusam Geldof de ter feito acusações sem provas concretas. Mas não são precisas provas para se perceber que Angola está muito longe de ser um país equitativo. E a responsabilidade do governo angolano e do seu presidente não é indissociável da situação que se vive em Angola. Bob Geldof foi incisivo nas suas palavras e conseguiu chamar a atenção para o caso angolano. Aliás, Geldof trouxe para a actualidade uma questão que é, amiúde, escamoteada – havendo sempre outros interesses que se sobrepõem aos interesses do povo angolano.
Por fim, importa ainda referir que Portugal e os seus sucessivos governos têm tido a melhor das relações com um regime que vive na opulência e na opacidade. Dir-se-á que os interesses portugueses na região não podem ser postos em causa. E por outro lado, o regime angolano gosta de responder na mesma moeda. Todavia, a postura portuguesa de quase subserviência mostra a classe dos nossos políticos – não seria necessário fazer acusações de natureza acrimoniosa ao regime angolano; mas era essencial que os nossos responsáveis políticos trouxessem para cima da mesa a questão dos direitos humanos e da boa governação. Mas afinal de contas, tudo se vende, inclusivamente os valores e os princípios. Vai-nos valendo o imenso rol de negócios em Angola que nos aconchega a carteira e sossega a consciência.
O Governo angolano, por sua, vez utiliza um registo que aparentemente pretende ser sarcástico e acrimonioso, mas que resvala para a mais evidente puerilidade. Rejeitam o epíteto de “criminoso” e defendem a honra do regime. Fica por explicar os baixos índices de desenvolvimento e elevados índices de pobreza. De resto, o Governo angolano vangloria-se com o seu acelerado crescimento, chegando mesmo a falar em “inveja”, mas ficam por explicar as diferenças colossais entre uma minoria muito rica e uma vasta maioria pobre; ficam por explicar as inúmeras acusações de corrupção e desvio de fundos; fica por explicar o que se passa realmente em Cabinda; fica por explicar como é que um regime que celebra o acelerado crescimento da sua economia, não esclarece como é que é possível o povo viver na mais abjecta pobreza, volvidos seis anos do fim da guerra que servia como desculpa para essa pobreza.
Muitos acusam Geldof de ter feito acusações sem provas concretas. Mas não são precisas provas para se perceber que Angola está muito longe de ser um país equitativo. E a responsabilidade do governo angolano e do seu presidente não é indissociável da situação que se vive em Angola. Bob Geldof foi incisivo nas suas palavras e conseguiu chamar a atenção para o caso angolano. Aliás, Geldof trouxe para a actualidade uma questão que é, amiúde, escamoteada – havendo sempre outros interesses que se sobrepõem aos interesses do povo angolano.
Por fim, importa ainda referir que Portugal e os seus sucessivos governos têm tido a melhor das relações com um regime que vive na opulência e na opacidade. Dir-se-á que os interesses portugueses na região não podem ser postos em causa. E por outro lado, o regime angolano gosta de responder na mesma moeda. Todavia, a postura portuguesa de quase subserviência mostra a classe dos nossos políticos – não seria necessário fazer acusações de natureza acrimoniosa ao regime angolano; mas era essencial que os nossos responsáveis políticos trouxessem para cima da mesa a questão dos direitos humanos e da boa governação. Mas afinal de contas, tudo se vende, inclusivamente os valores e os princípios. Vai-nos valendo o imenso rol de negócios em Angola que nos aconchega a carteira e sossega a consciência.
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