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Cordialidade no PSD


Dir-me-ão que cordialidade e PSD são palavras que não combinam. E com toda a razão, sendo que a prova disso mesmo é a última intervenção de Luís Filipe Menezes a propósito de Manuela Ferreira Leite, candidata à presidência do partido.
Menezes, num acesso de raiva despontada de uma necessidade de vingança – segundo o mesmo se Ferreira Leite criticou a sua presidência, então ele estará no direito de criticar Ferreira Leite –, decidiu proferir palavras hostis à actuação de Manuela Ferreira Leite quer na qualidade de ministra das Finanças, quer na qualidade de ministra da Educação. Menezes vai mais longe e chega a apregoar que Ferreira Leite terá sido a pior ministra das Finanças dos últimos 30 anos.
Ora, Menezes não ficará para a história como um grande líder do partido, pelo contrário, a sua curta estadia pautou-se pela tibieza e pela mais completa ausência de credibilidade e de seriedade. Por conseguinte, talvez não fosse má ideia se Menezes optasse por uma posição mais discreta, menos exasperada.
Por outro lado, a falta de cordialidade do presidente demissionário poderia, de facto, agravar a já grave situação do partido, isto se alguém levasse a sério as palavras do ainda presidente do PSD. Ninguém tem por hábito fazê-lo.
De qualquer modo, estas demonstrações de animosidade, que ou vêm da Madeira ou vêm do continente, também não trazem nada de bom para o partido. De resto, já não bastam as divisões patentes nas várias candidaturas que mostram um PSD social-democrata, um PSD liberal e um PSD populista, surgem agora as palavras repletas de acrimónia de alguém que foi derrotado pelas suas próprias limitações políticas, e que parece ainda desconhecer as causas do seu fracasso.

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