Avançar para o conteúdo principal

Aumento dos combustíveis

Os constantes aumentos dos combustíveis têm reais impactos numa economia já fragilizada pela sua falta de competitividade, em particular nos últimos anos. E a escalada do preço do petróleo é apontado como sendo o principal motivo por detrás desses aumentos. É um facto que o petróleo tem vindo a subir nos mercados internacionais – o aumento da procura, a instabilidade que ainda se vive num dos maiores produtores, o Iraque, e instabilidade na Nigéria, o terramoto na China e a especulação crescente são algumas das razões que alegadamente subjazem à subida do preço do barril de crude.
Portugal, naturalmente, não sai incólume desses aumentos, ainda para mais quando o nosso país é muito dependente nesta matéria. Mas seria de uma enorme proficuidade que se esclarecesse, sem margem para dúvidas, o porquê destes aumentos e se há ou não concertação. E não valerá a pena o Presidente da Galp se insurgir contra os “ignorantes” na matéria – é um pouco aquela ideia de que só existem meia dúzia de iluminados, e que aos ignorantes não restará mais do que pagar e calar. Ora, o problema da livre concorrência e da concertação de preços são questões que ficam por esclarecer, e haverá igualmente poucas explicações sobre o funcionamento de um mercado que foi liberalizado.
Com efeito, o que está em causa é a forte possibilidade destes aumentos representarem mais um abalo numa economia que não tem conhecido os melhores dias. De notar que o número de portugueses que têm abastecido em Espanha aumentou exponencialmente, o que afecta directamente os postos de abastecimento portugueses, pondo em risco postos de trabalho. Por outro lado, é lamentável que tenha sido apenas o Presidente da República a ser veemente quando abordou este problema. Do Governo apenas podemos contar com uma ténue preocupação e com a relutância em alterar a forte carga fiscal que recai sobre os produtos petrolíferos.
De um modo geral, o aumento dos combustíveis traz uma vez mais para um primeiro plano a falta de competitividade da economia portuguesa que se vai afastando progressivamente da economia espanhola. Essa falta de competitividade associada a políticas desenquadradas do Governo que visam apenas perpetuar um modelo de desenvolvimento ultrapassado e a manutenção de um Estado à medida de teimosias caducas, condena o país ao empobrecimento e a à inviabilidade. Sendo certo, no entanto, que será inevitável proceder a novos ajustamentos e às consequentes alterações no modo de vida de cada um. De facto, o petróleo vai continuar a subir, com inevitáveis consequências para as economias.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...

Fim do sigilo bancário

Tudo indica que o sigilo bancário vai ter um fim. O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda chegaram a um entendimento sobre a matéria em causa - o Bloco de Esquerda faz a proposta e o PS dá a sua aprovação para o levantamento do sigilo bancário. A iniciativa é louvável e coaduna-se com aquilo que o Bloco de Esquerda tem vindo a propor com o objectivo de se agilizar os mecanismos para um combate eficaz ao crime económico e ao crime de evasão fiscal. Este entendimento entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista também serve na perfeição os intentos do partido do Governo. Assim, o PS mostra a sua determinação no combate à corrupção e ao crime económico e, por outro lado, aproxima-se novamente do Bloco de Esquerda. Com efeito, a medida, apesar de ser tardia, é amplamente aplaudida e é vista como um passo certo no combate à corrupção, em particular quando a actualidade é fortemente marcada por suspeições e por casos de corrupção. De igual forma, as perspectivas do PS conseguir uma ma...