O artigo que Mário Soares escreveu para o Diário de Notícias é revelador da situação insustentável a que país chegou, no que diz respeito ao incremento da pobreza e das desigualdades sociais. Além disso, as palavras de Mário Soares são também um sinal de alerta que o Governo PS deveria levar muito a sério. É irrefutável que as causas dessa pobreza e do aumento das desigualdades sociais são, em larga medida, estruturais, e prendem-se com factores como a baixa qualificação dos recursos humanos e com incapacidade de Portugal se adaptar a novas realidades em matéria de emprego, de inovação e captação de investimento. A falta de competitividade da economia portuguesa está intrinsecamente relacionada com o aumento da pobreza. Não obstante a subida positiva das exportações portuguesas verificada nos últimos anos.
Por outro lado, a conjuntura económica internacional terá certamente como consequência o aumento das dificuldades dos cidadãos. Já aqui se escreveu que o esforço pedido aos portugueses nos últimos anos, designadamente com o aumento da carga fiscal, associado a um elevado endividamento das famílias e das empresas impede as mesmas de terem margem de manobra para fazerem face às dificuldades mais recentes.
Nestas circunstâncias, e com o país manifestamente atrasado em relação à generalidade dos Estados-membros da EU, a pobreza instala-se em Portugal. O Governo, por sua vez, tem levado a cabo políticas avulsas que mais não são do que remendos sem grande impacto na vida dos cidadãos. Assim, Mário Soares alertou, no artigo do Diário de Notícias, para uma realidade que é conhecida por todos, uns mais do que outros, e faz uma chamada de atenção ao Governo.
De facto, o ex-Presidente da República acaba por ser mais certeiro no seu artigo do que as infindáveis discussões entre economistas e o vazio de propostas dos partidos da oposição. Mário Soares não terá feito uma revelação ao país, mas foi contundente no seu discurso e revelou uma preocupação que obrigou o PS a desdobrar-se em explicações que não poderiam ser mais caricatas
Se aqui há uns tempos havia quem se insurgia contra o discurso pessimista que é pratica dos principais comentadores e até de muitos políticos, hoje é difícil escapar a esse discurso. Quem passa por dificuldades crescentes e assiste a um inelutável retrocesso do seu bem-estar social não terá muitas razões para escapar a esse discurso carregado de pessimismo.
Importa, contudo, referir que este Governo não pode ser acusado de ser o único responsável pela actual situação; os governos anteriores não fizeram um trabalho particularmente melhor, e a conjuntura internacional, que é necessariamente um factor exógeno, não é responsabilidade do actual Executivo. Embora o Governo do PS tenha falhado nas principais reformas a que se propôs, falhando clamorosamente na área da Justiça, Administração Pública e Educação, só a título de exemplo.
Em todo o caso, são necessárias medidas para conter os efeitos da crise, ou melhor, das crises. E, de um modo geral, é impossível construir-se um país à margem de uma vasta franja da população empobrecida ou a caminho do empobrecimento, enquanto uma minoria de privilegiados enriquece obscenamente.
Finalmente, fazer uma pequena referência ao discurso adoptado pelos membros do Governo. Na verdade, os membros do Governo ou são arrogantes ou demonstram uma incompreensão inaceitável relativamente aos problemas dos Portugueses. Se as palavras não alimentam estômagos vazios, contribuem, apesar de tudo, para a gestão de expectativas. E quando o Governo é complacente com a acção insidiosa de algumas grandes empresas cujos impactos são extremamente negativos na vida dos cidadãos, e, simultaneamente, mostra-se distante e pouco preocupado com a vida das pessoas, está seguramente a dar um grande contributo para a coarctação das esperanças dos Portugueses. O custo para o Governo? Poderá revelar-se trágico em 2009.
Por outro lado, a conjuntura económica internacional terá certamente como consequência o aumento das dificuldades dos cidadãos. Já aqui se escreveu que o esforço pedido aos portugueses nos últimos anos, designadamente com o aumento da carga fiscal, associado a um elevado endividamento das famílias e das empresas impede as mesmas de terem margem de manobra para fazerem face às dificuldades mais recentes.
Nestas circunstâncias, e com o país manifestamente atrasado em relação à generalidade dos Estados-membros da EU, a pobreza instala-se em Portugal. O Governo, por sua vez, tem levado a cabo políticas avulsas que mais não são do que remendos sem grande impacto na vida dos cidadãos. Assim, Mário Soares alertou, no artigo do Diário de Notícias, para uma realidade que é conhecida por todos, uns mais do que outros, e faz uma chamada de atenção ao Governo.
De facto, o ex-Presidente da República acaba por ser mais certeiro no seu artigo do que as infindáveis discussões entre economistas e o vazio de propostas dos partidos da oposição. Mário Soares não terá feito uma revelação ao país, mas foi contundente no seu discurso e revelou uma preocupação que obrigou o PS a desdobrar-se em explicações que não poderiam ser mais caricatas
Se aqui há uns tempos havia quem se insurgia contra o discurso pessimista que é pratica dos principais comentadores e até de muitos políticos, hoje é difícil escapar a esse discurso. Quem passa por dificuldades crescentes e assiste a um inelutável retrocesso do seu bem-estar social não terá muitas razões para escapar a esse discurso carregado de pessimismo.
Importa, contudo, referir que este Governo não pode ser acusado de ser o único responsável pela actual situação; os governos anteriores não fizeram um trabalho particularmente melhor, e a conjuntura internacional, que é necessariamente um factor exógeno, não é responsabilidade do actual Executivo. Embora o Governo do PS tenha falhado nas principais reformas a que se propôs, falhando clamorosamente na área da Justiça, Administração Pública e Educação, só a título de exemplo.
Em todo o caso, são necessárias medidas para conter os efeitos da crise, ou melhor, das crises. E, de um modo geral, é impossível construir-se um país à margem de uma vasta franja da população empobrecida ou a caminho do empobrecimento, enquanto uma minoria de privilegiados enriquece obscenamente.
Finalmente, fazer uma pequena referência ao discurso adoptado pelos membros do Governo. Na verdade, os membros do Governo ou são arrogantes ou demonstram uma incompreensão inaceitável relativamente aos problemas dos Portugueses. Se as palavras não alimentam estômagos vazios, contribuem, apesar de tudo, para a gestão de expectativas. E quando o Governo é complacente com a acção insidiosa de algumas grandes empresas cujos impactos são extremamente negativos na vida dos cidadãos, e, simultaneamente, mostra-se distante e pouco preocupado com a vida das pessoas, está seguramente a dar um grande contributo para a coarctação das esperanças dos Portugueses. O custo para o Governo? Poderá revelar-se trágico em 2009.
Comentários