A manifestação de professores, agendada para hoje, representa um desafio de difícil resolução para o Governo. De facto, José Sócrates vive um dilema: se o primeiro-ministro exonera a ministra de Educação de funções, fragiliza indelevelmente o Governo, na precisa medida em que passa a imagem de cedência à rua – o afastamento do ministro da Saúde, depois de tanta contestação, abriu a porta para que o descontentamento manifestado na rua ganhasse a pretensão de mudar as políticas do Governo, ou pelo menos adiar as reformas; se, por outro lado, a ministra não cair, algumas das medidas mais polémicas terão de sofrer cedências sob pena do descontentamento aumentar de tom ou tomar proporções ainda mais gravosas, tendo naturalmente elevados custos para o Governo.
Os próximos passos do Governo poderão passar por uma solução intermédia: a ministra não pode abandonar funções, goste-se ou não de Maria de Lurdes Rodrigues; o Governo, por sua vez, terá de ceder em algumas matérias que desagradam aos professores, designadamente no que diz respeito ao modelo de avaliação e a ministra terá de encetar um novo caminho de diálogo com os professores, procurando consensos sempre que possível. Todos reconhecem a necessidade de um processo de avaliação e seria profícuo que os próprios professores propusessem um modelo alternativo, ou que pelo menos, algumas das suas reivindicações fossem acatadas pela ministra.
Se por um lado o diálogo de Guterres foi nefasto, a arrogância e a intransigência do actual Governo é exasperante e testa amiúde a paciência dos portugueses. O estilo do primeiro-ministro alastrou-se e contaminou toda a sua equipa: rejeita-se por completo o diálogo e cria-se a falsa ideia de que a maioria absoluta é uma espécie de carta branca para o Governo fazer o que entender. Todavia, José Sócrates, desde Correia de Campos, tem manifestado que vacila quando a contestação sobre de tom. O estilo aparentemente determinado do primeiro-ministro corre o risco de soçobrar depois de tanta contestação.
De uma coisa podemos estar certos: José Sócrates e a sua ministra não vão sair ilesos da manifestação dos professores. Depois da marcha dos professores, restará uma sensação de incómodo – aquele incomodo característico dos assuntos pendentes, que ficam por resolver. Os problemas da educação não podem ficar sem resposta. Dir-se-á que se trata de uma quezília entre ministério da Educação e professores e que os portugueses não estão particularmente preocupados com a situação, o que de certa forma é verdade, mas o facto é que o mal-estar está instalado mesmo para quem não vê grande interesse nesta questão – as imagens de professores na rua com o clímax de hoje representam mais um falhanço do Governo, ou pelo menos assim parece aos olhos da opinião pública. Em contrapartida, não se pode excluir a possibilidade de tantas manifestações cansarem essa mesma opinião pública, esse é um risco associado ao número elevado de manifestações de um grupo profissional que está longe de corresponder à maioria da população e cujas razões de queixa poderão não claramente entendidas pelos restantes cidadãos.
Em conclusão, o dia vai ser muito complicado para o primeiro-ministro que entendeu por bem cair no ridículo de fazer uma contramanifestação mal disfarçada. Ora, um Governo não pode governar na rua, não pode responder à rua com a rua. O primeiro-ministro só pode procurar soluções intermédias que certamente passarão por algumas cedências e a ministra, caso fique, terá de mudar radicalmente o seu estilo e voltar a ter maior consideração pelos professores. A antagonização constante dos professores – tarefa levada a cabo pela ministra – poderá ter sido o começo do fim da ministra da Educação. De lamentar, porém, que apenas se discutam estes problemas da educação, e a problemática da qualidade do ensino seja reiteradamente ignorada.
Os próximos passos do Governo poderão passar por uma solução intermédia: a ministra não pode abandonar funções, goste-se ou não de Maria de Lurdes Rodrigues; o Governo, por sua vez, terá de ceder em algumas matérias que desagradam aos professores, designadamente no que diz respeito ao modelo de avaliação e a ministra terá de encetar um novo caminho de diálogo com os professores, procurando consensos sempre que possível. Todos reconhecem a necessidade de um processo de avaliação e seria profícuo que os próprios professores propusessem um modelo alternativo, ou que pelo menos, algumas das suas reivindicações fossem acatadas pela ministra.
Se por um lado o diálogo de Guterres foi nefasto, a arrogância e a intransigência do actual Governo é exasperante e testa amiúde a paciência dos portugueses. O estilo do primeiro-ministro alastrou-se e contaminou toda a sua equipa: rejeita-se por completo o diálogo e cria-se a falsa ideia de que a maioria absoluta é uma espécie de carta branca para o Governo fazer o que entender. Todavia, José Sócrates, desde Correia de Campos, tem manifestado que vacila quando a contestação sobre de tom. O estilo aparentemente determinado do primeiro-ministro corre o risco de soçobrar depois de tanta contestação.
De uma coisa podemos estar certos: José Sócrates e a sua ministra não vão sair ilesos da manifestação dos professores. Depois da marcha dos professores, restará uma sensação de incómodo – aquele incomodo característico dos assuntos pendentes, que ficam por resolver. Os problemas da educação não podem ficar sem resposta. Dir-se-á que se trata de uma quezília entre ministério da Educação e professores e que os portugueses não estão particularmente preocupados com a situação, o que de certa forma é verdade, mas o facto é que o mal-estar está instalado mesmo para quem não vê grande interesse nesta questão – as imagens de professores na rua com o clímax de hoje representam mais um falhanço do Governo, ou pelo menos assim parece aos olhos da opinião pública. Em contrapartida, não se pode excluir a possibilidade de tantas manifestações cansarem essa mesma opinião pública, esse é um risco associado ao número elevado de manifestações de um grupo profissional que está longe de corresponder à maioria da população e cujas razões de queixa poderão não claramente entendidas pelos restantes cidadãos.
Em conclusão, o dia vai ser muito complicado para o primeiro-ministro que entendeu por bem cair no ridículo de fazer uma contramanifestação mal disfarçada. Ora, um Governo não pode governar na rua, não pode responder à rua com a rua. O primeiro-ministro só pode procurar soluções intermédias que certamente passarão por algumas cedências e a ministra, caso fique, terá de mudar radicalmente o seu estilo e voltar a ter maior consideração pelos professores. A antagonização constante dos professores – tarefa levada a cabo pela ministra – poderá ter sido o começo do fim da ministra da Educação. De lamentar, porém, que apenas se discutam estes problemas da educação, e a problemática da qualidade do ensino seja reiteradamente ignorada.
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