A crítica mais frequente à entrevista que o primeiro-ministro deu à SIC prende-se precisamente com o desfasamento entre o discurso de José Sócrates e o país real. Paralelamente, José Sócrates foi elogiado por ter um conhecimento das pastas e por responder inequivocamente às perguntas que lhe eram colocadas. No cômputo geral, a entrevista foi feita à medida do primeiro-ministro que despejou números e escamoteou realidades.
É lógico que não há um país real, há vários países reais, o que significa que existem várias realidades distintas no país. Na entrevista da SIC, o primeiro-ministro conseguiu a proeza de discutir um país muito longe da realidade que cada português conhece. Quando se discute o desemprego com a ligeireza com que o primeiro-ministro emprega no seu discurso, e quando não se percebe que duas décimas de baixa da taxa de desemprego, não diz rigorosamente nada a quem vive nessa difícil situação, está-se a fugir a uma realidade.
Por outro lado, nem uma palavra do primeiro-ministro sobre a crescente precariedade laboral, que aflige muitos jovens, e que engorda muitas contas bancárias. Nem tão-pouco se conseguiu perceber um projecto para o país – desde a concepção que o Governo tem da Administração Pública, qual a filosofia para educação que vá para além do lugar-comum da “escola inclusiva”, e a Justiça foi praticamente ignorada pelo primeiro-ministro. Isto denota a importância que estes temas têm para a actual governação.
Na prática, e contrariamente ao que se diz por aí, o Governo fez muito pouco, e em alguns casos, o que fez, fez mal. É o caso da educação que se resume a uma catadupa de trapalhadas sem precedentes, e mais grave: o Governo acha que tudo pode decidir sem recurso ao diálogo. No caso da justiça, até parece que o Governo nada tem a ver com isso. Os portugueses não acreditam numa justiça que não dá uma resposta eficaz, e ainda assim, isto não parece incomodar o primeiro-ministro e o ministro da Justiça que se reduz à mais total insignificância política.
Este é o país real, o país em que, se nada for feito, é a própria coesão social que está em causa. O nível de vida da generalidade dos cidadãos estagnou ou sofreu retrocessos nos últimos anos, o fosso entre ricos e pobres aprofundou-se (e não, esta frase não é demagógica), e mais: não se vislumbram melhorias no horizonte. O presente e o futuro parecem conspurcados por escândalos financeiros, pela promiscuidade entre políticos e empresas e por um Estado que rapina invariavelmente os contribuintes, mas fica simultaneamente a dever a quem se atreve a fazer negócios com o Estado.
Foi tudo isto, e muito mais, que passou completamente ao lado do primeiro-ministro. Mas se José Sócrates e o seu séquito se recusarem a olhar para o país real, correm de agravar o descontentamento dos portugueses, correndo mesmo o risco de ver esse descontentamento se transformar em algo mais.
É lógico que não há um país real, há vários países reais, o que significa que existem várias realidades distintas no país. Na entrevista da SIC, o primeiro-ministro conseguiu a proeza de discutir um país muito longe da realidade que cada português conhece. Quando se discute o desemprego com a ligeireza com que o primeiro-ministro emprega no seu discurso, e quando não se percebe que duas décimas de baixa da taxa de desemprego, não diz rigorosamente nada a quem vive nessa difícil situação, está-se a fugir a uma realidade.
Por outro lado, nem uma palavra do primeiro-ministro sobre a crescente precariedade laboral, que aflige muitos jovens, e que engorda muitas contas bancárias. Nem tão-pouco se conseguiu perceber um projecto para o país – desde a concepção que o Governo tem da Administração Pública, qual a filosofia para educação que vá para além do lugar-comum da “escola inclusiva”, e a Justiça foi praticamente ignorada pelo primeiro-ministro. Isto denota a importância que estes temas têm para a actual governação.
Na prática, e contrariamente ao que se diz por aí, o Governo fez muito pouco, e em alguns casos, o que fez, fez mal. É o caso da educação que se resume a uma catadupa de trapalhadas sem precedentes, e mais grave: o Governo acha que tudo pode decidir sem recurso ao diálogo. No caso da justiça, até parece que o Governo nada tem a ver com isso. Os portugueses não acreditam numa justiça que não dá uma resposta eficaz, e ainda assim, isto não parece incomodar o primeiro-ministro e o ministro da Justiça que se reduz à mais total insignificância política.
Este é o país real, o país em que, se nada for feito, é a própria coesão social que está em causa. O nível de vida da generalidade dos cidadãos estagnou ou sofreu retrocessos nos últimos anos, o fosso entre ricos e pobres aprofundou-se (e não, esta frase não é demagógica), e mais: não se vislumbram melhorias no horizonte. O presente e o futuro parecem conspurcados por escândalos financeiros, pela promiscuidade entre políticos e empresas e por um Estado que rapina invariavelmente os contribuintes, mas fica simultaneamente a dever a quem se atreve a fazer negócios com o Estado.
Foi tudo isto, e muito mais, que passou completamente ao lado do primeiro-ministro. Mas se José Sócrates e o seu séquito se recusarem a olhar para o país real, correm de agravar o descontentamento dos portugueses, correndo mesmo o risco de ver esse descontentamento se transformar em algo mais.
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