Chegou o dia da independência para o Kosovo que declarou unilateralmente a sua independência. A comunidade internacional, grande parte, reconhece a inevitabilidade deste processo, mas ninguém consegue esconder o elevado grau de desconforto que esta independência desencadeia.
O Kosovo de maioria albanesa – perto de 90 por cento da população – que desde o tempo de Tito tinha alguma autonomia, viveu uma guerra que eclodiu com o nacionalismo exacerbado sérvio de Milosevic. Mas até que ponto esta ânsia kosovar de declarar a sua independência é indissociável do sonho, acalentado por muitos, da grande Albânia?
De qualquer modo, o reconhecimento deste novo Estado será mais ou menos genérico. Exceptuando a Rússia, e naturalmente a Sérvia, a generalidade dos países acabarão por reconhecer a independência do Kosovo – com maior ou menor desconforto.
Outra questão será perceber até que ponto esta secessão poderá legitimar outros movimentos que, um pouco por toda a Europa, almejam a secessão. Este é, a meu ver, o maior perigo desta declaração unilateral de independência do Kosovo. E não é preciso ir muito longe para se verificar o tal desconforto. Na vizinha Espanha esse desconforto poderá ser convenientemente escondido, mas ele está lá; assim como está lá o receio de que o País Basco ou, quem sabe, a Catalunha, veja as suas especificidades empoladas e os seus desejos mais legitimados. O mesmo se passará, eventualmente com a parte turca do Chipre, ou com uma panóplia de povos espalhados por toda a Europa.
A abertura de um precedente como é o caso do Kosovo provoca um desconforto indisfarçável em toda a Europa. O padrinho desta independência – os EUA – não estará tão preocupado com o tal precedente kosovar; procura antes uma vitória mais ou menos evidente face à Rússia. Por seu lado, à Sérvia sobejam razões para um acentuado descontentamento. Em primeiro lugar, refira-se que a Sérvia viu parte do seu território ser-lhe retirado, pondo em causa a sua integridade territorial. Em segundo lugar, a região onde é o Kosovo é, para muitos sérvios, o berço da nação Sérvia. E por fim, existe uma minoria sérvia a viver no Kosovo.
Em bom rigor, o redesenhar de fronteiras, o nascimento de um país, a secessão de uma minoria da maioria, não podem deixar de causar um significativo incómodo e dar origem a dúvidas inquietantes.
Em síntese, a independência parece ser um facto com o qual a Europa tentará viver em paz e harmonia. O futuro do Kosovo, por outro lado, é tudo menos auspicioso. Este país não tem quaisquer estruturas que lhe permitam ser um Estado pleno. Os problemas económicos são incomensuráveis – 60 por cento da população não tem emprego, a pobreza é endémica, o analfabetismo e a corrupção são evidências fortes. Na prática, o Kosovo quis a sua independência de facto, mas não se livre de dependência inexorável da União Europeia e dos EUA. Sem essa ajuda, o Kosovo não pode existir, porque não tem condições para sobreviver.
O Kosovo de maioria albanesa – perto de 90 por cento da população – que desde o tempo de Tito tinha alguma autonomia, viveu uma guerra que eclodiu com o nacionalismo exacerbado sérvio de Milosevic. Mas até que ponto esta ânsia kosovar de declarar a sua independência é indissociável do sonho, acalentado por muitos, da grande Albânia?
De qualquer modo, o reconhecimento deste novo Estado será mais ou menos genérico. Exceptuando a Rússia, e naturalmente a Sérvia, a generalidade dos países acabarão por reconhecer a independência do Kosovo – com maior ou menor desconforto.
Outra questão será perceber até que ponto esta secessão poderá legitimar outros movimentos que, um pouco por toda a Europa, almejam a secessão. Este é, a meu ver, o maior perigo desta declaração unilateral de independência do Kosovo. E não é preciso ir muito longe para se verificar o tal desconforto. Na vizinha Espanha esse desconforto poderá ser convenientemente escondido, mas ele está lá; assim como está lá o receio de que o País Basco ou, quem sabe, a Catalunha, veja as suas especificidades empoladas e os seus desejos mais legitimados. O mesmo se passará, eventualmente com a parte turca do Chipre, ou com uma panóplia de povos espalhados por toda a Europa.
A abertura de um precedente como é o caso do Kosovo provoca um desconforto indisfarçável em toda a Europa. O padrinho desta independência – os EUA – não estará tão preocupado com o tal precedente kosovar; procura antes uma vitória mais ou menos evidente face à Rússia. Por seu lado, à Sérvia sobejam razões para um acentuado descontentamento. Em primeiro lugar, refira-se que a Sérvia viu parte do seu território ser-lhe retirado, pondo em causa a sua integridade territorial. Em segundo lugar, a região onde é o Kosovo é, para muitos sérvios, o berço da nação Sérvia. E por fim, existe uma minoria sérvia a viver no Kosovo.
Em bom rigor, o redesenhar de fronteiras, o nascimento de um país, a secessão de uma minoria da maioria, não podem deixar de causar um significativo incómodo e dar origem a dúvidas inquietantes.
Em síntese, a independência parece ser um facto com o qual a Europa tentará viver em paz e harmonia. O futuro do Kosovo, por outro lado, é tudo menos auspicioso. Este país não tem quaisquer estruturas que lhe permitam ser um Estado pleno. Os problemas económicos são incomensuráveis – 60 por cento da população não tem emprego, a pobreza é endémica, o analfabetismo e a corrupção são evidências fortes. Na prática, o Kosovo quis a sua independência de facto, mas não se livre de dependência inexorável da União Europeia e dos EUA. Sem essa ajuda, o Kosovo não pode existir, porque não tem condições para sobreviver.
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